Friday 12 October 2012

Evágrio Jorge - Menezes Bragança (1966)

Recai hoje o 28o aniversário do falecimento de Menezes Bragança que foi justamente considerado o Maior de Todos os jornalistas de Goa.

Nasceu aos 15 de Janeiro de 1878 em Chandor, filho de Juveniano Menezes de Calapur das Ilhas, advogado que chegou a exercer o cargo de Juiz de Direito. A família de sua mãe, Stael de Bragança, não tendo deixado descendente masculino, fez estabelecer o genro no seu solar e impôs ao neto os apelidos tanto do pai como da mãe. As duas casas eram ricas em posses materiais como em dotes intelectuais. Porém, Luís teve a infelicidade de perder o pai aos 7 anos de idade.

Seguindo o praxe do tempo, Luís fez os seus estudos no Seminário de Rachol e depois no Liceu. Aqui, com excepção da marata, obteve distinção em todas as outras disciplinas. Entrou a seguir na Escola Médica, onde era um dos primeiros dois alunos distintos. Mas logo no primeiro ano foi acometido de febre tifóide, tendo de convalescer por um ano. Aproveitou deste ano para leitura mais vasta e universal. Ganhou gosto de ler as melhores obras literárias. Conhecendo várias línguas como latim, português, francês, e inglês, e tendo franca queda para literatura e ciência, procurou estar ao par das melhores correntes nestes dois campos. Sendo rico, podia abalançar-se a trazer os mais recentes livros e revistas da Europa, que recebia regularmente.

Com os conhecimentos assim adquiridos, o seu talento privilegiado floriu precocemente e, antes de atingir vinte anos de idade, escrevia para jornais como O Heraldo e

(Segue na segunda página)

Nacionalista e enfileirava-se entre os intelectuais do tempo.

Influenciado por Rénan e os enciclopedistas franceses, Menezes Bragança seguiu o trilho de livre pensamento. Animado pelos ideais de Igualdade, Fraternidade e Liberdade, fez-se o paladino da democracia. Em um tempo fez parte do Corpo Redactorial de O Heraldo.

Quando Portugal declarou-se República, por cuja causa se batera denodadamente, Menezes Bragança aspirou melhores dias a Goa e ofereceu o seu apoio ao primeiro governador da República Couceiro da Costa. Pensaram muitos ao tempo que Menezes Bragança fizera-se pró-governamental. Mas, quando verificou que um outro governador, Freitas Ribeiro espezinhava os direitos dos goeses Menezes Bragança serviu-se da sua pena para o atacar.

O seu jornal “O Debate” batia-se pela democracia e pelas liberdades da terra. Esse jornal além de exercer grande influência no governo, preparou uma geração de espíritos progressivos. Não há um só assunto que não tenha versado. E cada assunto que versava, fazia-o com uma superioridade única.

Afim de canalizar as aspirações populares pelos métodos constitucionais, Menezes Bragança serviu-se do Congresso Provincial de Goa. Foi eleito presidente deste organismo em tenra idade. Foi também escolhido para sócio do Instituto Vasco da Gama.

No tempo da ditadura, Menezes Bragança serviu-se do jornal Pracasha para atacar o governo bem como para criar a consciência livre no nosso povo. Racionalismo, ciência e democracia, era os ideais que o norteavam. Batia-se por eles com denodo, mas nunca se rebaixou-se aos ataques pessoais. Era admirador de Jesus, o doce rabi de Galileia, mas não aceitava a Igreja com a única e genuína depositária da doutrina. Insurgia-se conta a injustiça, fosse ele afligida num pobre ou num padre. Era de opinião que devíamos aceitar todas as coisas boas de Europa e também que devíamos prestar atenção aos novos ventos que sopravam da Índia.

Menezes Bragança pugnou valentemente pelos direitos do povo goês. Batendo-se pel República Democrática, tornou-se jus à gratidão da maioria hindu da nossa população, que até então vivia espezinhada. Quando o Governo português fugia de nos outorgar a prometida autonomia administrativa, propôs a abstenção das urnas. Finalmente quando Dr. Salazar brindou-nos com os epítetos de indígenas e assimilados e arrogou à Nação Portuguesa o direito “de possuir e colonizar domínios ultramarinos”, propôs no Conselho de Governo a seguinte moção:

“A Índia Portuguesa não renuncia ao direito que têm os povos, de atingirem a plenitude de sua individualidade, até virem a constituir-se unidades capazes de dirigir os seus destinos, visto ser um direito originário, da sua essência orgânica.”

Uma vintena de anos passados sobre esta moção, a Índia Portuguesa ganhou o direito originário de liberdade. Foi este o maior tributo à sua obra.

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