Saturday 19 May 2012

José Rangel - Autocrítica (1978)

Senhor, Deus meu!
Hóstia sagrada
No tabernáculo do meu sangue,
Nervo do meu nervo,
Suor do meu suor,
Vida da minha vida.
Sou livro aberto face ao Mundo,
Que me vê e me julga,
Ante o qual não me curvo,
Mas respeito-o,
Pois nele o meu viver,
Se entrechoca e se tempera.
De consciência alerta,
Que ora me impele ora me retrai,
Se me impus a dolorosa missão
De humilda pregoeiro da Fé,
Cônscio da minha imensa fraqueza,
Que o meu amor por Ti
A torna em força.
No báratro da Justiça
Vejo suspensa a minha vida,
Sentindo a Tua palmada
Quando me desvio,
Sentindo o Teu afago
Quando me endireito.
E nesse angustiante balanço
Me mantenho e caminho,
Vendo a Tua grandeza,
E a minha pequenez.
Em Ti, por Ti e para Ti
Vivo,
Hoje, amanhã, sempre!

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