Friday 13 January 2012

Maria Juliana Cordeiro e Monteiro - Vaidade (1962)

Supor que se é Alguém
Que tudo sabe e tudo diz,
E nas mãos remédio tem
Para a chaga de todo o infeliz.

Sonhar que se paira alto,
Acima da mesquinha terra
E, desperto num sobressalto,
Ser surdo à dor que perto berra,

Julgar que num só verso
Se penetra o fundo da alma,
Se condena a lágrima do Universo
E ao desvairado não dar a calma...

Olhar para o chão com desdém,
Tocar o Céu em acordado,
É loucura do Zé-Ninguém
É vaidade... e mais nada!

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