Monday 9 July 2012

Laxmanrao Sardessai - O Poeta (1966)

Sou um pobrezinho
Mas trago em mim sepultado
O tumultuoso passado da humanidade.
E o futuro brilhante
Na minha visão se agasalha.
Em mim ecoa o presente
Com as suas palpitações vivas.
Eu enterro na terra as ideias
E surgem delas as maravilhas
Que procuram aperfeiçoar
A criação imperfeita.
Se Deus criou o Universo,
Eu crio nele a Beleza
Que nunca morre
E a Fé que cimenta
E o torna vivo.
Se Deus criou o Universo,
Deu-me a mim o condão
De o modelar, segundo os meus sonhos.
Vastos desertos inóspitos e horrendos
Em os transformo em oásis.
Eu até o Inferno torno Paraíso
Quando o sopro da minha imaginação
O bafeja.
O esqueleto duma árvore,
Seca e desfolhada,
Reveste-se de graça infinita
E brilha na luz áurea
Do meu estro.
Eu inundo de raios sedutores
O velho esfarrapado e nojento
Que o mundo aborrece
E transformo a sua choça
Em um palácio sorridente.
Às vezes, a morte
Que aos entes humanos
Inspira terror,
Eu a torno sedutora.
Então o mártir a abraça
Com amor.
E pela opulência do milionário
Eu crio nojo
E da humanidade calcada
Eu levanto santos
Que a erguem para alturas etéreas!
Só e inerme, eu pelejo com o tirano
Que, à força das armas,
Procura subjugar os bons.
Sou o esteio dos fracos
E a riqueza dos pobres.
Sou um poeta indigente
A cantar sempre a glória do Bem.

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