Friday, 17 April 2015

Laxmanrao Sardessai - Sou Teu Filho (1966)

Disse-me ontem uma velha,
Gaudi encarquilhada,
Afagando a minha cabeça:
“Filho, tu não és brâmane”.
“Sim, mãe - respondi enternecido –
Nasci brâmane, mas sou gaudó,
Como teu Vassu, escuro e forte,
Durmo no chão raso
Por ti artisticamente embostado.
Como do ‘ambil’ que me dás,
Em companhia de teus netinhos.
Extasiado fico a contemplar
As esbeltas arequeiras
Que as tuas filhas regam,
Acaricio com admiração,
Os caules alabastrinos das bananeiras
E, às vezes, enfio um langotim
E lavo-me contente
Na água pura da fonte
E, depois, como o mais feliz dos entes,
Estendo-me na relva
A absorver a ternura
A carícia e o conforto
Dos raios do sol nascente
E, quando durmo, o meu espírito
Estende a sua asa
Sobre os teus miúdos
Que trabalham de dia
E dormem de noite
O sono dos santos.
E tu, às vezes, de madrugada,
Enquanto lá fora
Os galos cantam
E o orvalho desce dos céus
E o vento sopra frígido
Vens para fora, de mansinho,
E estendes sobre o meu corpo estirado
O teu velho ‘cambol’.
Sim, mãe, sou gaudó
E sou teu filho!



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