Tuesday 28 December 2010

Laxmanrao Sardessai - Delhi (1966)

És a metrópole da Índia,
Vestida de cor de açafrão
Que é o símbolo da renúncia,
Mas a tua aparência é ilusória,
O teu espírito degenera
Em bailes lascivos,
Deleitas-te na corrupção
E és repelente como uma bacante.
O mesmo esplendor,
Os mesmos vícios
Dos tempos dos Mongóis.
Ainda exibes à custa de milhões
Que vivem nas aldeias
Onde vive a população,
Simples e ingénua
Adeus! Para sempre
Que tu és inimiga
De tudo que outrora
Elevou o teu país
Para píncaros da glória!

Monday 27 December 2010

Maria Elsa da Rocha - Goa, Esse Teu Sari (1963)

Goa,
bebe a luz
 do facho da Liberdade
a longos haustos
se os quiseres.
Mas filha,
dá antes um jeitinho
às pregas desse teu sari
desarranjado.

Se quiseres,
põe carmim
nessa tua boca,
pálida e sofredora.
Mas disfarça um nadinha
nas dobras do pallav
o alvoroço
que te vai a alma.

Se quiseres,
vai,
mistura-te na manhã
e azula
o sonho sidéreo
do Vagueri sonhador...

Depois,
devagarinho
arrastando o sari
verde lentejoilando,
junto ao espelho do Mandovi,
empoa-te, filha,
na doirada poeira
que jorra
desse poente
incandescente.

À noite,
se quiseres,
inda podes brincar,
alegre,
cozendo ao sari
de cacimba-húmida
a leitosa espuma
da cascata sempre a dar...

Mas menina,
sê cautelosa!
manda a brisa, tua amiga,
dizer ao velho Himalaia
que cerre a cortina dos Gates,
que ventos insólitos
te podem arrancar
com fúria libidinosa,
gananciosa
pedaços
desse teu pobre manto...

Sunday 26 December 2010

Alfredo Bragança - A Índia e o Tricolor (1963)

Quinze de Agosto. Acaba a noite escura…
Surge o Clarão radiante da Vitória,

Anunciando uma Nova Era, de luz pura,
E a Índia abre mais um capítulo na História.
Com ele há-de ficar sempre na memoria,

O nobre Ahinsa do Mártir exangue,
Que derramou suor, lágrimas e sangue,
P’ra ver por fim raiar o sol da Glória.

Dessa sua Não-violência e artifício,
Erguem-se de Ashoka a Roda – a Nova Idade,
E a Bandeira Tricolor da Liberdade: -

O alaranjado - cor de Sacrifício,
O branco – a Pureza de criança,
E o verde – que simboliza a Esperança

NB – estes versos foram publicados pela primeira vez em 15-8-1947