Thursday, 9 October 2014

Walfrido Antão - Aquele Suspiro Malando ou o 'Naturismo' de António Ataíde (1968)

Perguntaste-me outro dia, leitor amigo, o que significava aquela palestra do venerando ancião de Goa Barónio Monteiro que à falta de um alti-falante deixo na margem deixo na margem da classe dos “reservados” ou “primeira classe” como se faz com bilhetes da comédia popularuncha de um M. Boyer (o dinheiro, o vil metal, as contas correntes dos Clubes são muito para quem até queira conseguir companheira, não é assim leitor amigo?). Conheço o intelectual mas não ouvi.

Conheço António José Ataíde há anos. 61, creio. Vinha da Europa onde havia conhecido um Roque Machado divulgador da teoria hindu das “Descobertas” como diz Carmo Azavedo. Trazia um sonho a cura pela Natureza. Aqueles banhos ao sol, aquela carícia ao luar, aquele entusiasmo do Desporto. O sexo vinha mais logo.

Para quantos de nós vivemos na Europa não a ambição, de um diploma que pudesse arredondar as contas correntes de Bancos de juro fortíssimo mas sim a angústia do descalabro de valores, o existencialismo era a única saída. Como afirmava Vergílio Ferreira, aliás escritor de mérito, “nós não escolhemos a existência. Foi um desejo de “autrui”. Cabe a nós escolher.”

Referindo-se à hipótese de Alberto Camus de que o único problema verdadeiramente filosófico era o do suicídio, Virgílio Ferreira opinava que dada a certeza fundamental da Morte valia a pena viver a lonjura da solidão da vida. No desespero, na angustia e revolta. A Morte e o presente ou seja a vida como diz Teles. Para Amadeu engolfado no atrito da lógica racional e do materialismo “possorcar” de caixa de fósforos, o problema é diferente.

E neste ínterim surgiu António José Ataíde. Não um marido ou senhor de cheques. Apenas um divulgador do que a Natureza ensina para preservar a pela ou tecido fibroso. Esposo fiel de uma portuguesíssima senhora, António José Ataíde quer reaver o débito das gerações transmontanas de “linguiça” e de copos de três como método de higiene alimentar.

Lembro-me que um dia li na Revista “Natura” alguns artigos sobre o regresso às raízes. Não raízes de “palha” ou coisa que valha mas algo diferente. Um retorno não à propriedade privada de bens materiais mas um encontro com o destino.

Que António José Ataíde traga com a sua revolução alimentar higiene – saúde um sopro de via nova sem bacalhoeiras de malfado.

Bacalhau como o fado tem o seu destino...

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