Passam horas,
Que demoras!
Quando virá a minha vez?
Um punhado só
Para cada freguês!
A bicha é enorme
E o agente ainda dorme…
Cravo, queijo, Maggi,
Tem-se agora só assim.
Um comboio de gente
Que se empurra,
Impaciente.
Mas para quê tanto empenho
Se me arranjo com o que tenho?
Será que uma pitada de sabor
Vale horas de tédio e calor?
- Os hábitos não são de bronze –
Se os posso ainda amoldar
Aos imperativos de hoje,
Eu me devia acomodar
Fosse como fosse.
Sem o cravo picante e doce
O ‘Xacuti’ não é ‘Xacuti’,
Sem queijo, sem Maggi,
Não há sopas, nem aperitivos –
E tudo isto, meu Deus,
- É o que mais dói dizer –
É a razão do meu viver…
Enquanto o homem lá fora
Acelera o passo, nervoso,
A par do avanço da terra
Nesta era atómica, mundo novo,
Eu, parado, por sinal,
Só tenho uma virtude,
Sim, para meu mal:
Alinhado na rua a bocejar
Tenho a virtude de saber esperar!
No comments:
Post a Comment