O Sr. Xavier conta-nos a história de Kuvera, em “O Heraldo” de 11 de Novembro firmada na versão védica, que achamos um tanto fantasiosa, por nunca termos deparado com ela em nenhuma antologia védica, mas com isso não queremos dizer que ela não seja verídica. Aquela história contada pelo Sr. Xavier, quase macabra, veio abalar tudo quanto de encantador e belo havia criado no nosso espírito permeável à ficção poética, como é a de Kalidasa, no seu enleante poema Kumaraswambha ou o Nascimento de Kubera, o Deus da Riqueza em cujo parque, interdito a mulheres (onde Urvaci se refugiara, ardendo de ciúmes do seu rei bem-amado, por ele possuir mais esposas), decorre o entrecho do drama todo mimado, cantado e dançado, de Kalidasa, intitulado Wikramaurvaci.
Não conhecíamos o aspecto tétrico do “chefe dos espíritos”, que viveu no Naraka ou no Nimbo, mas como um ente nascido da união de Shiva e Parvati. Inspirados na lenda do nascimento de Kuvera, escrevemos, há anos, o seguinte conto:
“Himavat, o Rei das Montanhas do Himalaia, e Ménaka, já Rainha, tinham uma filha encantadora como a estrela da manhã e graciosa como a estrela da tarde. O Rei chamava-lhe Parvati, que quer dizer, filha da Montanha; mas a Rainha Ménaka dava-lhe um nome mais doce, todo carinho, todo ternura – chama-lhe Uma, que quer dizer Mãe.”
“Um dia Shiva, o Deus omnipotente, o Deus misericordioso, o Deus misericordioso, piedoso e mendicante, chegou ao Himalaia e sentado na pele de tigre estendida no chão, quedou-se nas suas meditações longas e calmas como os picos alterosos e nevados das montanhas. Parvati, a graciosa filha da Rainha Ménaka, pôs-se ao serviço do Deus Shiva e, todas as manhãs, enfiava em contas grãos de lótus orvalhados, em que Shiva rezava as suas orações. Parvati amava Shiva, o Deus de cabeleira coroada do crescente da Lua e de flores de acácia, em que aparava o impetuoso caudal do sagrado rio Ganges prestes a engolfar o Mundo no abismo. Para cativar o coração do Shiva, Parvati pintou as unhas de laca, os olhos de kajol, e pôs no seu coração virgem um fundo de desejo de unir a Ele, que era todo bondade, todo pureza, todo virtude.”
“A Primavera aflorou as montanhas doirando as neves eternas e vestindo de galas a natureza, e o aroma das flores de deodaras, os cedros do Himalaia, à cuja sombra Shiva meditava, segredou-lhe o amor de Parvati. Quando as suas longas e calmas meditações findaram. Shiva entreabriu os olhos, e os seus olhos poisaram sobre Parvati sentada aos seus pés, humilde e submissa, virgem e núbil como uma oferenda de sacrifício. E sob o véu lilás de neblina dum dia florido de Primavera, Shiva e Parvati trocaram o primeiro olhar de bom agouro, todo impregnado de carinho, amor e ternura conjugal. E desse conúbio nasceu Kuvera.”
Devíamos revestir de roupagens encantadoras e poéticas, como fez Kalidasa com o seu génio imortal, os temas mitológicos, os contos e as lendas doiradas que formam e enredo das nossas velhas Epopeias e Puranas.
Não conhecíamos o aspecto tétrico do “chefe dos espíritos”, que viveu no Naraka ou no Nimbo, mas como um ente nascido da união de Shiva e Parvati. Inspirados na lenda do nascimento de Kuvera, escrevemos, há anos, o seguinte conto:
“Himavat, o Rei das Montanhas do Himalaia, e Ménaka, já Rainha, tinham uma filha encantadora como a estrela da manhã e graciosa como a estrela da tarde. O Rei chamava-lhe Parvati, que quer dizer, filha da Montanha; mas a Rainha Ménaka dava-lhe um nome mais doce, todo carinho, todo ternura – chama-lhe Uma, que quer dizer Mãe.”
“Um dia Shiva, o Deus omnipotente, o Deus misericordioso, o Deus misericordioso, piedoso e mendicante, chegou ao Himalaia e sentado na pele de tigre estendida no chão, quedou-se nas suas meditações longas e calmas como os picos alterosos e nevados das montanhas. Parvati, a graciosa filha da Rainha Ménaka, pôs-se ao serviço do Deus Shiva e, todas as manhãs, enfiava em contas grãos de lótus orvalhados, em que Shiva rezava as suas orações. Parvati amava Shiva, o Deus de cabeleira coroada do crescente da Lua e de flores de acácia, em que aparava o impetuoso caudal do sagrado rio Ganges prestes a engolfar o Mundo no abismo. Para cativar o coração do Shiva, Parvati pintou as unhas de laca, os olhos de kajol, e pôs no seu coração virgem um fundo de desejo de unir a Ele, que era todo bondade, todo pureza, todo virtude.”
“A Primavera aflorou as montanhas doirando as neves eternas e vestindo de galas a natureza, e o aroma das flores de deodaras, os cedros do Himalaia, à cuja sombra Shiva meditava, segredou-lhe o amor de Parvati. Quando as suas longas e calmas meditações findaram. Shiva entreabriu os olhos, e os seus olhos poisaram sobre Parvati sentada aos seus pés, humilde e submissa, virgem e núbil como uma oferenda de sacrifício. E sob o véu lilás de neblina dum dia florido de Primavera, Shiva e Parvati trocaram o primeiro olhar de bom agouro, todo impregnado de carinho, amor e ternura conjugal. E desse conúbio nasceu Kuvera.”
Devíamos revestir de roupagens encantadoras e poéticas, como fez Kalidasa com o seu génio imortal, os temas mitológicos, os contos e as lendas doiradas que formam e enredo das nossas velhas Epopeias e Puranas.
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