Showing posts with label Goan Poetry. Show all posts
Showing posts with label Goan Poetry. Show all posts

Wednesday, 4 February 2015

Laxmanrao Sardessai - Zalach Pahije (1965)

Se Deus é do mundo o pai,
Desta terra o é Nath Pai
Porque nos ensinou a pronunciar
“Zalach Pahije”!

Deus antes da criação,
Pronunciou ‘Fiat lux’
Mas, após a eleição,
Vassantrao Naik
“Zalach Pahije”!

Deus guia o universo inteiro
Para a salvação
E Esvantrao Chavan
Esta mimosa terra
Para a perdição
Com o seu mantra
“Zalach Pahije”!

Sou um ignorante
Mas, em vez de instrução,
Sempre me impingem
“Zalach Pahije”!

Sou um indigente
E persegue-me a fome
Mas dão-me, volta e meia,
“Zalach Pahije”!

Sou um enfermo
E sofro da malária,
Mas ministram-me
Dia e noite doses
“Zalach Pahije”!

Sou um manducar
E para ser batcar
- Dizem – devo rezar
“Zalach Pahije”!

Sou um eleitor
E prometeram-me
O paraíso inteiro
Contanto que diga
Sem cessar
“Zalach Pahije”!

Sou um mestre-escola
Mas forçado – sina minha! –
A ensinar
A crianças inocentes
“Zalach Pahije”!

Na nossa aldeia
Quem não tem ocupação
E nos negócios alheios
Mete o seu bedelhom
É conhecido como
“Zalach Pahije”!

Aparece nos templos
E nas escolas,
Nos bares e nos bazares,
A odiosa coruja
De “Zalach Pahije”!

A maneira de fantasma
Que persegue a sua vítima,
Persegue em toda a parte
O goês inocente –
O fantasma –
De “Zalach Pahije”!

Tem entrada
Em todos os círculos
Quem possui
O santo e a senha
De “Zalach Pahije”!

Suga o sangue
Do pacato cidadão
A sangue-suga nojenta
De “Zalach Pahije”!

Do coração soturno
Do falido MG
Sai o rouco mugido
De “Zalach Pahije”!

O álcool de alto grau
Faz ao embriagado
Vomitar bílis
Contra quem quer,
Assim tem sido
O “Zalach Pahije”!

Desvirtua e deshonra,
Abandalha e corrompe
O slogan assolador
De “Zalach Pahije”!

Conflitos na família
Conflitos na sociedade,
Conflitos com os amigos,
Conflitos com os vizinhos,
A raiz de todos eles
Está no “Zalach Pahije”!

A mentira e a hipocrisia,
O crime e a aleivosia
São fruto vergonhoso
De “Zalach Pahije”!

O fantasma hediondo
Que profana a dignidade
Vilipendia o amor,
Cospe no passado
E adultera o futuro
É “Zalach Pahije”!

O fantasma hediondo
Que profana a dignidade,
Vilipendia o amor,
Cospe no passado
E adultera o futuro
É “Zalach Pahije”!

Se, ó goês, queres
Viver em paz e harmonia,
Repele quanto antes
A ignominia fatal
De “Zalach Pahije”!

Levanta-te e trabalha
E não está longe o dia
Em que volte
Para a terra da sua origem
A peste maldita
De “Zalach Pahije”!

Friday, 9 January 2015

Bicaji Ganecar - A Barca da Minha Vida (1968)

A barca da minha vida
Sempre avança
Com a esperança
De ver a terra prometida.

Abrindo o caminho
P’lo torvelinho
Ela desliza
Com a brisa
Com o seu olhar
No porvir
Que vê sorrir
À beira do mar.

Aonde se eleva
E se torna espuma
E no céu a treva
Se avoluma...
O meu desejo
Se aproxima.
Mas cá em cima
Só pedras vejo.

Serviu o país
Com o seu suor
Foi tudo feliz
Com o seu amor...
A todos amou
Com paixão
E rubra ficou
Com o chão.

Traduzido do original em concanim por Remígio Botelho.

Monday, 7 November 2011

Alberto de Menezes Rodrigues - Cantores Alados (1965)

Certo dia, acordei de manhã cedo,
E fiquei, no meu leito, a escutar
Um lindo, harmonioso gorjear
De pássaros poisados no arvoredo.

Pouco depois me levantei, e ledo
Uma janela abri de par em par,
Para melhor no quarto penetrar
O canto divinal do passaredo.

Reparei logo, que se destecava
Dos moruonis a vibração maviosa
E enternecidamente eu a escutava.

Mas uma gralha, num gesto brutal,
Metendo a sua voz rude e fanhosa,
Transtornou o concerto matinal