Pai popular, que foste eleito nesta terra
Elogiado seja o vosso nome
Venha a nós o vosso carinho
Sejam cumpridas as vossas promessas
Assim em Goa, como também em Damão e Diu,
O pai nosso, de cada dia, nos dai hoie
Seja bendito pelo vosso povo
Olhai por nós, e pelo aumento de preços dos géneros alimentícios
Castigai os que choram pela integração.
Delivrai-nos de todo mal. Ámen.
Wednesday, 27 April 2011
Sunday, 17 April 2011
Cyrano Valles - Charada (1982)
Tilintar
De cobres
Na calada da noite.
Judas continuando
Os dinheiros da traição?
Qual? Apenas o comilão
De sapos, mas a cara metade
Dos assassinos da Verdade
Empilhando os laques empalmados!
Depois, de joelhos
Perante altares alumiados
Rezam com a nação
Os sacripantas descarados
Pedindo a Deus com fervor
Glória, saúde, felicidade,
Mais riqueza… tudo menos perdão
Dos seus crimes e pecados!
Tilintar
De cobres
Pela noite fora…
A corja vai amontoando
Os laques e crores usurpados
Ao povo e aos pobres!
De cobres
Na calada da noite.
Judas continuando
Os dinheiros da traição?
Qual? Apenas o comilão
De sapos, mas a cara metade
Dos assassinos da Verdade
Empilhando os laques empalmados!
Depois, de joelhos
Perante altares alumiados
Rezam com a nação
Os sacripantas descarados
Pedindo a Deus com fervor
Glória, saúde, felicidade,
Mais riqueza… tudo menos perdão
Dos seus crimes e pecados!
Tilintar
De cobres
Pela noite fora…
A corja vai amontoando
Os laques e crores usurpados
Ao povo e aos pobres!
Saturday, 16 April 2011
Laxmanrao Sardessai - Eu Quero (1965)
Tu és bondoso…
Mas, eu quero que a tua bondade
Seja forte como o coqueiro teu irmão,
Forte, mas não rigida.
Tu tens visão. Mas quero…
Que ela tenha um fundo humano
Nobre, transparente e belo.
És inteligente. Mas quero
Que a tua inteligência dissipe
As trevas da ignorância
Dos teus irmãos ainda
Não viram a luz da razão,
És corajoso. Mas quero
Que a tua coragem, saiba
Debelar o crime da injustiça
Que atormenta os teus semelhantes.
Tu és orador. Mas quero…
Que derrube os ídolos
Que ainda mistificam os inocentes
E crie neles a consciência
Da dignidade humana.
És forte. Mas eu quero…
Que no escudo da tua força,
Ampare os golpes
Que os perversos ferem
Contra os justos e os bons.
És hospitaleiro. Mas, quero…
Que a tua hospitalidade
Dando guarida aos criminosos
Não seja a causa da ruina.
És activo. Mas eu quero
Que a tua acção tenda a combater
O mal que roi a tua pessoa,
A tua casa é a tua terra
Prego-te este sermão
Para que goes que és,
Saibas honrar tua Goa
Que é teu berço
E o teu nome que é glorioso!
Mas, eu quero que a tua bondade
Seja forte como o coqueiro teu irmão,
Forte, mas não rigida.
Tu tens visão. Mas quero…
Que ela tenha um fundo humano
Nobre, transparente e belo.
És inteligente. Mas quero
Que a tua inteligência dissipe
As trevas da ignorância
Dos teus irmãos ainda
Não viram a luz da razão,
És corajoso. Mas quero
Que a tua coragem, saiba
Debelar o crime da injustiça
Que atormenta os teus semelhantes.
Tu és orador. Mas quero…
Que derrube os ídolos
Que ainda mistificam os inocentes
E crie neles a consciência
Da dignidade humana.
És forte. Mas eu quero…
Que no escudo da tua força,
Ampare os golpes
Que os perversos ferem
Contra os justos e os bons.
És hospitaleiro. Mas, quero…
Que a tua hospitalidade
Dando guarida aos criminosos
Não seja a causa da ruina.
És activo. Mas eu quero
Que a tua acção tenda a combater
O mal que roi a tua pessoa,
A tua casa é a tua terra
Prego-te este sermão
Para que goes que és,
Saibas honrar tua Goa
Que é teu berço
E o teu nome que é glorioso!
Laxmanrao Sardessai - As Ideias (1962)
Aplaudem as ideias...
Mas só as ideias!
Se nelas insuflo
O sopro da minha vida
E dou-lhes o meu sangue
E as torno entidades vivas
Então todos eles –
Maus e hipócritas,
Falsários e scepticos
Se unem em um conluio
E me movem uma guerra,
Tenaz e surda!
É que os maladros
Temem ideias
Que geram actos!
Mas só as ideias!
Se nelas insuflo
O sopro da minha vida
E dou-lhes o meu sangue
E as torno entidades vivas
Então todos eles –
Maus e hipócritas,
Falsários e scepticos
Se unem em um conluio
E me movem uma guerra,
Tenaz e surda!
É que os maladros
Temem ideias
Que geram actos!
Thursday, 14 April 2011
António José do Rosário - “Salve, Goa!” (1982)
Eu te saúdo, Goa, terra querida,
Airosa, perfumada, encantadora:
De mogarins e jasmins florida
Do Indostão a Rani e nobre Senhora!
Inunda-te a fescura das palmeiras;
Afaga-te, risonho, o Mandovi;
De sombras agasalham-te as mangueiras,
E, suavamente, beija-te o Zuari.
Há vinte anos que te deixei, chorando;
O meu torrão natal, a casa, o lar
E tudo quanto eu tinha, abandonei…
Hoje, no teu seio, fico recordando
O passado que não pode voltar
E os meus que tanto amava e não achei!
Airosa, perfumada, encantadora:
De mogarins e jasmins florida
Do Indostão a Rani e nobre Senhora!
Inunda-te a fescura das palmeiras;
Afaga-te, risonho, o Mandovi;
De sombras agasalham-te as mangueiras,
E, suavamente, beija-te o Zuari.
Há vinte anos que te deixei, chorando;
O meu torrão natal, a casa, o lar
E tudo quanto eu tinha, abandonei…
Hoje, no teu seio, fico recordando
O passado que não pode voltar
E os meus que tanto amava e não achei!
RV Pandit - A Chuva (1962)
Vem ó chuva
Trepidando
Em torrentes
Veio a chuva
Inundou os campos
Correu pelos campos
Dessedentou a terra
Germinou a várzea
Plantazinhas cresceram
Lavradores alegraram
Refreia-te um pouco, ó chuva
Deixa endurecer o lago
Aurear a espiga
O ouro entrará em casa
Os lavradores comerão
Comerão os lavradores?
Como? Antes que levem
À boca a côdea
Virão demónios. Virão agentes
Para cobrar as dívidas
Do ano presente e do ano passado
De muitos anos atrás
Contas escritas em velhos livros
Compensação de três gerações
Na várzea inundada
No tempo dos Ranes
Colheita perdida
Antes de saldar a conta
Outra inundação
Outra dívida
Dívida e juros
O meu avô morto
Antes do pagamento
Juros de dívida
E dívida de juros
Nos livros do batcará
Caíram em peso
Sobre o peito do meu pai
E o mataram...
Antes que os juros daquela dívida
Rendessem mais juros
E incidissem sobre mim
O bisavô, o avô e o pai
Do batcará, já eram mortos
Hoje
Morreram todos os antepassados
Meus e os do meu batcará
Mas os livros de contas
De três gerações
Estão seguramente guardados
Nos cofres do batcará
Naqueles livros
Dívida e juros
Juros, de juros de dívida
Tem criado uma grande confusão
Um montão de dívidas
Nos livros do batcará
O agente do batcará
Ficará à minha porta
Ao tempo de colheita
Com uma longa folha de contas
Para arrecadar tudo
Arroz e palha
Os agentes levarão tudo
De que é que os lavradores viverão?
De que viverão os lavradores?
Se antes, os demónios
Tudo levarão?
Hão-de partir tudo
Levar tudo...
Festa em casa do batcará
Trepidando
Em torrentes
Veio a chuva
Inundou os campos
Correu pelos campos
Dessedentou a terra
Germinou a várzea
Plantazinhas cresceram
Lavradores alegraram
Refreia-te um pouco, ó chuva
Deixa endurecer o lago
Aurear a espiga
O ouro entrará em casa
Os lavradores comerão
Comerão os lavradores?
Como? Antes que levem
À boca a côdea
Virão demónios. Virão agentes
Para cobrar as dívidas
Do ano presente e do ano passado
De muitos anos atrás
Contas escritas em velhos livros
Compensação de três gerações
Na várzea inundada
No tempo dos Ranes
Colheita perdida
Antes de saldar a conta
Outra inundação
Outra dívida
Dívida e juros
O meu avô morto
Antes do pagamento
Juros de dívida
E dívida de juros
Nos livros do batcará
Caíram em peso
Sobre o peito do meu pai
E o mataram...
Antes que os juros daquela dívida
Rendessem mais juros
E incidissem sobre mim
O bisavô, o avô e o pai
Do batcará, já eram mortos
Hoje
Morreram todos os antepassados
Meus e os do meu batcará
Mas os livros de contas
De três gerações
Estão seguramente guardados
Nos cofres do batcará
Naqueles livros
Dívida e juros
Juros, de juros de dívida
Tem criado uma grande confusão
Um montão de dívidas
Nos livros do batcará
O agente do batcará
Ficará à minha porta
Ao tempo de colheita
Com uma longa folha de contas
Para arrecadar tudo
Arroz e palha
Os agentes levarão tudo
De que é que os lavradores viverão?
De que viverão os lavradores?
Se antes, os demónios
Tudo levarão?
Hão-de partir tudo
Levar tudo...
Festa em casa do batcará
Lamentações na nossa
E lágrimas quentes dos meus filhos
Na canja fria...
Chuva, vem de novo
Encher a lagoa de batcará
Para vangana
E chuva vem
Vem na minha várzea
Só uma vez, meu amigo,
Para comigo chorar!
E lágrimas quentes dos meus filhos
Na canja fria...
Chuva, vem de novo
Encher a lagoa de batcará
Para vangana
E chuva vem
Vem na minha várzea
Só uma vez, meu amigo,
Para comigo chorar!
Wednesday, 13 April 2011
Maria Juliana Monteiro e Cordeiro - Na Bicha, Faça Favor (1963)
Passam horas,
Que demoras!
Quando virá a minha vez?
Um punhado só
Para cada freguês!
A bicha é enorme
E o agente ainda dorme…
Cravo, queijo, Maggi,
Tem-se agora só assim.
Um comboio de gente
Que se empurra,
Impaciente.
Mas para quê tanto empenho
Se me arranjo com o que tenho?
Será que uma pitada de sabor
Vale horas de tédio e calor?
- Os hábitos não são de bronze –
Se os posso ainda amoldar
Aos imperativos de hoje,
Eu me devia acomodar
Fosse como fosse.
Sem o cravo picante e doce
O ‘Xacuti’ não é ‘Xacuti’,
Sem queijo, sem Maggi,
Não há sopas, nem aperitivos –
E tudo isto, meu Deus,
- É o que mais dói dizer –
É a razão do meu viver…
Enquanto o homem lá fora
Acelera o passo, nervoso,
A par do avanço da terra
Nesta era atómica, mundo novo,
Eu, parado, por sinal,
Só tenho uma virtude,
Sim, para meu mal:
Alinhado na rua a bocejar
Tenho a virtude de saber esperar!
Que demoras!
Quando virá a minha vez?
Um punhado só
Para cada freguês!
A bicha é enorme
E o agente ainda dorme…
Cravo, queijo, Maggi,
Tem-se agora só assim.
Um comboio de gente
Que se empurra,
Impaciente.
Mas para quê tanto empenho
Se me arranjo com o que tenho?
Será que uma pitada de sabor
Vale horas de tédio e calor?
- Os hábitos não são de bronze –
Se os posso ainda amoldar
Aos imperativos de hoje,
Eu me devia acomodar
Fosse como fosse.
Sem o cravo picante e doce
O ‘Xacuti’ não é ‘Xacuti’,
Sem queijo, sem Maggi,
Não há sopas, nem aperitivos –
E tudo isto, meu Deus,
- É o que mais dói dizer –
É a razão do meu viver…
Enquanto o homem lá fora
Acelera o passo, nervoso,
A par do avanço da terra
Nesta era atómica, mundo novo,
Eu, parado, por sinal,
Só tenho uma virtude,
Sim, para meu mal:
Alinhado na rua a bocejar
Tenho a virtude de saber esperar!
Wednesday, 6 April 2011
Visnum Porobo Sincró - Bangla Desh Viva (1971)
Avante, mocidade nova
O mundo moderno a evoluir-se,
Não sejam néscios, avante!
A Verdade sempre prevalence:
O mar é tenebroso sim!
Mas o real marinheiro, corajoso
Não se atemoriza!
Navega à mercê do vento!
Amaina o vento,
O barco em vira-voltas
Chega são e salvo,
Ao porto desejado
Surjam perigos eminentes,
Chovam intémperies
Mas o “AMAR SONAR BANGLA”
Sempre sera vitorioso?
O mundo moderno a evoluir-se,
Não sejam néscios, avante!
A Verdade sempre prevalence:
O mar é tenebroso sim!
Mas o real marinheiro, corajoso
Não se atemoriza!
Navega à mercê do vento!
Amaina o vento,
O barco em vira-voltas
Chega são e salvo,
Ao porto desejado
Surjam perigos eminentes,
Chovam intémperies
Mas o “AMAR SONAR BANGLA”
Sempre sera vitorioso?
Tuesday, 5 April 2011
Dessai - Presto-te Homenagem Lokamanya, Presto-te Homenagem (1962)
Swarajya, é o meu direito do nascimento
Disseste com todo e raro atrevimento
O Inglês tivera o primeiro viramento
Presto-te homenagem Lokamanya…
O Kessori que fundaste estava bramindo
Com ecos de Swarajja estava enchendo
O céu do pais. E o Inglês estava suando
Presto-te homenagem Lokamanya…
“Es homem ou demo?” perguntou-te o polícia
Por roncar no carro que a prisão conduzia
“Sou homem, mas com fé” disseste com ironia
Preto-te homenagem Lokmanya…
Defendeste o teu pleito com a tua boca
Jurisprudência inglesa tornaste oca
Ensinaste no foro gramática – não pouca
Presto-te homenagem, Lokmanya...
Progenitor do desassossego indiano
Chamou-te para vexar juiz britaniano
O vexame tornaste em glória com tino
Presto-te homenagem Lokamanya...
“O líder de Teli-taboli” cognominavam
“O orador de Kamathipura” blasfemavam
Daqueles, daqui, força tiravas, ignoravam
Presto-te homenagem, Lokamanya...
Escreveste Guita Rahaxxa, de Universal
Reputação com a descoberta original
Nos astros, mudaste a teoria secular,
Presto-te homenagem, Lokamanya...
Em sete modestos tercetos de poesia
A tua vida nem o Grande Vyas descrevia
Como a Ananta possível seria?
Monday, 4 April 2011
Maria Juliana Monteiro Cordeiro - Avante, Índia! (1962)
Índia de milénios,
Índia sonhadora
Desperta os teus génios
Contra a China usurpadora!
Tens nas túmidas veias
O sangue de Ashoka a ferver
Toma a fúria dos seus leões
Que o dragão há-de morrer!
Não temas os milhões!
Bem sei que o frio é fero,
Mas com fogo nos corações
Os milhões dão em zero.
Índia sonhadora
Desperta os teus génios
Contra a China usurpadora!
Tens nas túmidas veias
O sangue de Ashoka a ferver
Toma a fúria dos seus leões
Que o dragão há-de morrer!
Não temas os milhões!
Bem sei que o frio é fero,
Mas com fogo nos corações
Os milhões dão em zero.
Que sono tão profundo,
E o inimigo a arrombar a porta!
O senhor não é deste mundo,
A paz é letra morta!
Ó peçonha que o dragão esconde!...
Rios de sangue descem dos Himalaias!
Ai, enxota para longe, bem longe
... Donde não possa voltar mais!
Avante, Índia unida!
Não temas a neve glacial,
Luta de alma erguida
Que a Vitória é tua, afinal!
E o inimigo a arrombar a porta!
O senhor não é deste mundo,
A paz é letra morta!
Ó peçonha que o dragão esconde!...
Rios de sangue descem dos Himalaias!
Ai, enxota para longe, bem longe
... Donde não possa voltar mais!
Avante, Índia unida!
Não temas a neve glacial,
Luta de alma erguida
Que a Vitória é tua, afinal!
Friday, 1 April 2011
Clara de Menezes - Um pôr-do-sol em Gaspar Dias
Qual bola de ouro o Sol caiu no mar,
Detrás da Fortaleza de Aguada,
Uma nuvem cinzentra enviuvada
Chora com as demais o seu azar.
Um grupo de boémios lança ao ar
Foguetes para atrair a petizada
E a Banda da Polícia, entusiasmada,
Toca peças selectas, de encantar.
Divorciam-se os amantes, do prazer,
Porque a Lua teima em não aparecer
No céu coberto de cerrado luto.
A praia, uma noiva insinsuante,
Do turista paraíso fascinante,
De fino gosto delicioso fruto.
Detrás da Fortaleza de Aguada,
Uma nuvem cinzentra enviuvada
Chora com as demais o seu azar.
Um grupo de boémios lança ao ar
Foguetes para atrair a petizada
E a Banda da Polícia, entusiasmada,
Toca peças selectas, de encantar.
Divorciam-se os amantes, do prazer,
Porque a Lua teima em não aparecer
No céu coberto de cerrado luto.
A praia, uma noiva insinsuante,
Do turista paraíso fascinante,
De fino gosto delicioso fruto.
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