Friday, 13 January 2012

Vimala Devi - Uma História de Literatura Goesa (1967)

Em Fevereiro de 1961 – vai, pois, para cinco anos – vivíamos em Lisboa, a Livraria Bertrand encarregou meu marido, o escritor Manuel de Seabra, de fazer uma antologia literária de Goa. Cuido que o principal motivo que levou a Bertrand a dar tal passo, foi ele ser casado com uma goesa – o que não deixa de ser curioso.

Mas isto de ser escritor profissional em certos países é como andar a vender areia no deserto, e constitui regra sagrada nunca recusar qualquer trabalho, por mais estapafúrdio que possa parecer, mesmo que se trate de um ensaio sobre a vida psicológica dos selenitas ou um método para aprender hausa sem mestre em 12 lições.

Mas o caso é que meu marido, da Índia conhecia-me a mim, o Bhagavad Gitâ (que era o seu livro de cabaceira), e mais uma ou duas dezenas de clássicos, filosóficos e poetas, mas não tendo nenhum deles escrito em português. Quanto a mim, ao partir para Lisboa, em 1958, nas atrapalhações de caixotes e embarques, deixara, sabe-se lá onde, os poucos livros de autores goeses que possuía. Levei para Lisboa Camilo, Eça e Herculano. Foi porter du charbon à Liverpool. De escritores goeses tinha nomes apenas, os mais famosos, Nascimento Mendonça, Paulino Dias, Adeodato Barreto, sei lá poucos mais.

Meu marido partiu, pois, quase do nada, e, em dois meses de pesquisas nas bibliotecas portuguesas, conseguiu levar a bom termo a sua antologia, intitulado “Goa, Damão e Dio”, que a critica considerou criteriosa e exegética. Entretanto, tinha publicado um pequeno artigo no Diário de Notícias de Lisboa, com o título, salvo erro: “Onde está a literatura goesa?” (tenho a impressão de que não é mesmo este o título) onde pedia que lhe mandassem informações. E um dia recebe o livro “No País de Súria”, de Paulino Dias, enviado por um goês que nunca mais lhe apareceu. Paulino Dias foi decisivo Manuel de Seabra viu-se, de súbito, perante um génio poético que não podia continuar desconhecido nos países de língua portuguesa. Logo a seguir, organiza também uma antologia de Moniz Barreto – o goês que criou a crítica literária em Portugal.

(segue na 2a página)

E já não foi possível parar. Em 1962 Manuel de Seabra tinha já reunido material suficiente para fazer uma série de dez palestras na rádio portuguesa sobre a literatura goesa, e uma conferencia no Museu Soares dos Reis, no Porto, ilustrada por mim com leitura de poetas goeses. E, sem dar por isso, eu própria, que até então assumira uma actividade bastante marginal nas pesquisas, dedicando-me antes a escrever (em 1962 publiquei “Súria” e, poucos meses depois, “Monção”), vi-me também arrastada irresistivelmente na descoberta da literatura esquecida da minha terra. E quando em Abril de 1963, viemos fixar residência em Londres, as actividades professionais de meu marido na BBC impediram-no de continuar a dedicar a este trabalho o tempo e a atenção que até então lhe tinha merecido. Mas não era possível deixar em meio tarefa já tão adiantada e, daí em diante, passei eu a encarregar-me das pesquisas, desta vez no Museu Britânico, de resto riquíssimo em coisas de Goa. Assim, pois, de 1961 a 1963 foi Manuel de Seabra o principal e eu a colaboradora; de 1963 em diante, passei eu a dirigir as pesquisas, apenas com a sua colaboração eventual.

Trabalhos desta índole são como bolas de neve: vão aumentando à medida que rolam. Nenhum de nós previu as proporções que isto iria tomar. Tem sido um não acabar de novos assuntos a incluir. Havia, claro, a evolução histórico-mesológica da literatura em Goa. A isso não se podia fugir. Mas num país bilingue, ou trilingue, ou lá o que somos, havia que estudar o problema da linguagem, e isso levou-nos à Inquisição. A inquisição, por seu turno, forçou-nos a encarar certos postulados, inerentes à personalidade do homo goanensis. Isso conduziu-nos ao estudo do problema das castas e do lugar histórico ocupado por Goa em relação a Portugal, à Índia e ao Mundo.

Depois surgiu-nos o mandó: como compreender o goês e a sua literatura sem estudar o mandó ? E foi preciso analisar quase duas centenas de mandé, fazendo estatísticas dos seus diferentes elements sociais, psicológicos, históricos, indianos, portuguese, etx. Ah, e a Imprensa, claro, a Imprensa de Goa! E dentro desse capítulo, a Imprensa literária! E os almanaques, que tão importante papel desempenharam no desabrochar das letras em Goa? Havia que estudar a fundo esse fenómeno. Pouco a pouco, sem darmos por isso, a obra a que metemos obros foi crescendo. Já vai ultrapassando os limites de uma simples história literária de Goa para se tornar praticamente uma história da cultura em Goa.

Ao mesmo tempo, a ideia foi-se aperfeiçoando. Decidimos que a parte histórico-critica seria acompanhada de uma grande antologia de escritores desde Fernão Álvares do Oriente (“esse indiático”, como lhe chamou D. Francisco Manuel de Melo) aos mais recentes poetas e contistas. Naturalmente, por fim de dar ao texto um carácter exclusivamente critico, um Dicionário biográfico de autores goeses tornava-se imprescindível. E decidimos meter mãos à obra. Os nossos ficheiros continham já perto de seiscentos escritores. E decidimos incluir neste Dicionário biográfico todos os goeses que, desde o século XVI, tenham publicado seja que for, ainda que os que não tenham obra suficiente em nível ou quantidade não sejam estudados na parte histórico-critica. Pois vimo-nos, de repente, a braços com mais de duzentos escritores dos quais não possuíamos a mínima informações biográfica.

Escrevi cartas, fiz apelos, dirigi-me a pessoas de família, amigos, desconhecidos, a toda a gente que pudesse dar-me moradas e nomes, pistas para encontrar elementos sobre esses duzentos autores. Macei muita gente. E ainda continuo. Mas, nos últimos seis meses deste cartário, consequi anular perto de cinquenta nomes da minha lista de escritores à procura de biografia.

Mas alguns são casos desesperados. Por exemplo, o Pe. Caetano Xavier de Abreu, que, em 1889, em Pangim, publicou o livro “Seis Anos da Nossa Vida Pública”. Sei apenas que era natural de Saligão. Ou Adolfo da Costa e Ana d’Ayala, que em 1907 publicaram, de colaboração, um livro intitulado: “De mãos dadas”. Será possível algum dia obter as biografias destes e de mais de uma centena de escritores que tenho na mesma situação? Só descobrindo filhos, netos, parentes.

Não posso prever quando estará pronta esta obra. Já levamos escritas cerca de 500 páginas da parte critica, mas ainda falta muito trabalho. Talvez precisemos de mais uns dois anos. Mas tenho a esperança de que possa contribuir para uma melhor tomada de consciência da personalidade cultural de Goa, proporcionando uma base, à partir da qual os goeses, na imagem reflectida dos seus valores, possam criar uma nova Renascença!

Cyrano Valles - Ode ao Poeta Desconhecido (1966)

Sofres poeta
As vilanias do destino,
Mas cantas todavia,
Inspirado pela própria dor,
Que punge teu coração.

Alçado nas asas dum sonho,
Buscas a perfeição,
Fugindo do caos medonho
Que mundo se chama.

Procuras com uma ânsia divina
Tornar mais bela a vida,
Mais leve o jugo da sina
E menos triste a despedida.

Em ti que cantas
Os sonhos desfeitos
Dos vivos e dos mortos,
Renasce a esperança
De ver livre a Terra
Das barreiras dementes
Que separam os homens.

Canta, poeta,
Enquanto brilha o sol,
Que a Morte espreita
Teus passos, ciosa,
Da tua alma generosa.

RV Pandit - Um Novo Coração (1968)

Um rico
Uma vez
Depositou o seu coração
Num banco
Juntamente com o dinheiro

E...
Desde então
Ela anda
Com o livro de cheques
Em vez do coração.

Visnum Porobo Sincró - Saíste Cedo, Amadeu (1972)

Sem completar o intento
Assinalado pelo labutar intenso,
Inda nos templos infaustosm
Sempre avante, firme no pensar,
Trabalhando para pugnar pela Verdade.
Esforçaste para o bem da terra
Saíste brevemente sem completar a missão
Exausto pelo esforço inaudito,
Destituído de malquerenças;
Obraste sempre a bem do povo,
A posterioridade nunca esquecerá,
Menos ainda os seus colegas,
Aflitos por esta separação rápida,
Devido a morte que ceifou a esta vida,
Excelente; alma santa, alegre,
Um grande perda para o Jornalismo.

Cyrano Valles - A Promessa (1967)

Virei um dia
Bater à tua porta
Viandante cansado
D’errar pelos agrestes
Caminhos da vida.

Virei em silêncio
Qual sopro
De suave brisa marinha
Levar-te

Para a viagem derradeira,
Iremos juntos
Semear nossos sonhos
Por entre as estrelas perdidas
Nas brumas da Eternidade.

Mário Cabral e Sá - Nas Margens do Mandovi Review (1978)

Ao agradecer a gentileza da oferta dum exemplar do livro com o título supra pelo prof. Eduardo de Sousa, não nos furtamos a seu rápido exame objectivo e sem ambages, único coadunante com o nosso feitio.

O autor que em dois dedos de conversas trai sua destacada ascendência familial e notório talento com insofrida iniciativa, continua afirmando-se atráves desta obra, um indiscutível valor intelectual servido de instrução variada e cultura polivalente a certo ponto autodidacta.

Apreciável poder descritivo, frase breve, vocabulário sóbrio ajustado às situações visando ao realce e mais das vezes também à graça elegante, com inegáveis êxitos aqui acolá tão diferentes doutras passagens.

A matéria na sua essência nada desconhecida no nosso meio: certos preconceitos dominantes da nossa mentalidade que ninguém tinha até hoje curado de combater expondo à luz do sol, embora com nula esperança de extirpar.

Do temperamento agitado, buliçoso, enigmático, onde a perversidade ambiente cavou fundo na alma por molde que poderia ocasionar dissimulação na conduta externa com endurecimento do coração – o ilustre autor, neste como nos anteriores escritos, de feição congénere à base, bem manifesta o cunho pessoal, reflexo do algo diferencial, típico do seu insinuante comportar e personalidade: a traduzir-se na forma em estilo e na substância em originalidade de observar, sentir, pensar e interpretar.

O título Nas Margens do Mandovi vai bem, mas a limitação no sub-título Retalhos do Meu Passado, afigura-se que alem de contrariar aqeuel, nega à nossa sociedade o apanágio genérico das incidências incisivamente retratas no contexto em fugidos quadros simbólicos, as quais não são apenas comuns à sociedade goesa hodierna (sem falar noutras) e sim a várias gerações, conforme a tradição oral e escrita, sem indagarmos a quantas remonte.

Tomando em linha de conta o subtítulo, nada havendo a dizer de esforço inventivo, nota-se que a imaginação trabalhou na exposição do assunto.

Perlustra-se com agrado, de corrida, uma leitura mas não faltam aí pontos em que meditar.

Pode a obra no aspecto de critica social, mutatis mutandis, andar parelhas com Jacob e Dulce de Gip para escarmento dos que ainda perfilham as mazelas increpadas, e informação dos curiosos de cá e fora.

Mais: acaso tais vícios cessem de subsistir, os vindouros de então percorrerão as páginas deste livro com estranheza de coisas incríveis, interrogando-se: é possível que assim fosse?

Mesmo de per si a publicação é gesto louvável na atmosfera de desencorajamento para esta ordem de manifestação, por ruinosa de ponto de financeiro.

Luís Furtado - As Ninfas do Mandovi (1970)

Ao ritmo das guitarras,
Ao som das violas,
Nas noites de lua cheia
Ao zumbido das barcas mineiras,
As ninfas do Mandovi
Fazem coro às serenatas.

Às tristezas dum fado,
À magia dum corridinho,
Ao encanto dum mundo,
Ao ritmo dum violino,
As ninfas do Mandovi,
Começam o seu canto.

Sob o estrelado veu,
Das noites quentes do estio,
Ao prazer dos turistas
E a cidade de Pangim em festas,
As ninfas do Mandovi,
Cantam a desafio.

RV Pandit - Um Desastre (1969)

Morreu hoje um homem,
Irmão de oito irmãs
Sobrinho único de três tios
Tio de dúzias de sobrinhos
Filho único dos pais
Neto único de dois avós
Primo cunhado de muitos
Luz de duas grandes famílias!

O seu nascimento
Foi uma grande festa.
Criado e alimentado
Com extremo carinho
Amado de todos
Grande esperança
Grande menino.

Herdeiro de grandes bens
Muito instruído.
Quanto dinheiro gasto
Na sua iniciação
No seu casamento
Livros, viagens
Vestuário, medicamentos...
Despesa imensa!

Consumiu
Vitaminas
Frutas e vegetais
Leite, manteiga, carne
Iguarias saborosas
Em toneladas...
O seu corpo
Forte e gordo.

A sua força
Para que serviu?
Nunca ele a usou
Pela sua terra
Pelos seus irmãos
Nunca e nunca...
Nunca gastou
Uma gota de sangue
Por alguém.


Tratou com muito desvelo

O seu corpo

Lindo vestuário

Perfumes caros

Óleos, e pomadas,

Mas nunca serviu...

Ninguém.



Hoje esse montão de carne

De cento e cinquenta e oito

Libras

Jaz... inerte!

Em vão as milhares de rupias

Que se gastaram

Na sua manutenção!



Muitas casas se levantariam

Com o dinheiro que se gastou

Nesse homem

Escolas, hospitais, livrarias

E centros culturais

Centenas de pobres e órfãos

Teriam amparo e instrução



Mas não...

Gastou-se o dinheiro

Nesse homem preguiçoso, inútil

Uma vida sem sentido



Numa terra pobre

Como o BHARAT

Quanto dinheiro, viveres, roupa

Gastos em vão?



Gastou-se em vão

Neste montão de cento e cinquenta e oito libras

E em troca

Ele nada deu

Absolutamente nada

Nada a si

Nem aos outros.

Viveu tantos anos

E afinal... hoje

Morreu

Em vão... em vão.



Irmãos, desculpai

Com o coração largo

Esse corpo inerte,

Mas não vertei lágrimas

Guardai-as

Para outro homem de valor.



Esse homem que hoje morreu

Não faz falta ao mundo

Pelo contrário

É um a menos

Dentre os quatrocentos crores

Um peso a menos

Sobre a Terra.



Morreu um homem, sim?

Realmente?

Pois é um grande desastre

Morreu um homem?

Pois parece-me

Ele deve ser eu mesmo!!!

Laxmanrao Sardessai - A Ave de Rapina (1966)

Goa é um moribundo
E tu és ave de rapina,
Não tenhas medo, amigom
Que os teus defensores armados,
À pouca distancia estão postados
Para prosseguires até o fim
Na tua cela opípara.
Que importa que os filhos da terra
Estejam a fome e na penúria,
Durante dias e meses?
Tu és senhor desta casa
Tu decides... tu executas...
És como antigos sátrapas
Que os imperadores romanos
Enviavam para os domínios conquistados
Para pilharem as terras,
Para semearem terror
Nas populações pacatas.
Está em Bombaim o teu imperador
E os que aqui goveram
São teus lacaios!
Este povo é gado...
Podes espancá-lo impune
Há leis...
Mas tu és o tribunal supremo.
Não há recurso contra tuas decisões.
A tua vontade é lei!
És a última palavra no direito,
Tu podes ofender, maltratar
Cidadãos pacatos
Que não façam bom cabelo aos teus lacaios.
És omnisciente.
Mas nada sabes
Do administrativo e língua
Mas não importa!
Para os efeitos da lei tudo sabes!
Porque representas o imperador.
Tu corres, aqui e acolá.
Da aldeia para aldeia, em inspecção
Que te rende farta ração.
Pessoas do teu meríto,
Há-as aqui, aos milhares
Que podem ser
Teus mestres na administração
Mas acha o teu mestre – lacaio
Que elas são incompetentes!
És um vampiro que sugas
O sangue do contribuintes
Contentas-te com esfolá-lo
Tu vês o dinheiro e nada mais!
Sabes que um dia
Terás de preparar as malas
É, pois, necessário acelarar
O processo de rapinagem
No tempo dos Vice-Reis
Os fidalgos portugueses
Faziam a Índia
Tu e teus irmãos
Hoje fazeis Goa!
Queres a terra
E odeias o povo
Queres a terra
Porque, há nela farto repasto
E odeias o povo...
Porque não fala a tua língua
E não quer afogar-se
No sorvedouro do Maharahstra!
Estás a seguir a politica da perseguição
Perseguir...
Os que não falam o marata
Perseguir – o brâmane e o cristão
Pois, são anti-nacionais!
Só tu és o pai da Pátria
E contigo o teu mentor
Que na verdade é o teu lacaio!

Bicaji Ganecar - Templo (1972)

Quero ver um templo
Onde um cristão
Um hindu e
Um muçulmano
Estejam a rezar,
Perante um e
Único Deus,
O criador,
O omnipotente,
Pelo bem de
Toda a humanidade,
Esquecendo as religiões.

Cyrano Valles - No Meu Jardim (1968)

Há no meu jardim
Flores maravilhosas,
Lindas e rubras rosas
Alvos lírios de cetim…

Há suaves melodias
De pássaros e trinar
E um eco de beijos
Trovados em noites de luar...

Há ainda o rasto
Sobre a relva azul
Da felicidade que passou,
Leve e descuidada,
Como o vento do sul...

Há no meu jardim
Uma saudade sem fim
Da ilusão doirada
Que outrora floriu em mim.

Maria Juliana Cordeiro e Monteiro - Vaidade (1962)

Supor que se é Alguém
Que tudo sabe e tudo diz,
E nas mãos remédio tem
Para a chaga de todo o infeliz.

Sonhar que se paira alto,
Acima da mesquinha terra
E, desperto num sobressalto,
Ser surdo à dor que perto berra,

Julgar que num só verso
Se penetra o fundo da alma,
Se condena a lágrima do Universo
E ao desvairado não dar a calma...

Olhar para o chão com desdém,
Tocar o Céu em acordado,
É loucura do Zé-Ninguém
É vaidade... e mais nada!

Alfredo Bragança - Sonho Desfeito (1963)

Em grandes vagalhões de triste dor,
Arrancando, até, o enorme mar gemia;
Ao longo, majestoso o Sol morria
Numa apoteose de lânguida cor.

Nas praias, todo nós a este sol-pôr,
Quando tudo ao redor era agonia,
Brincávamos, irradiando alegria,
Como lírios difundem o seu olor.

Foi então que escreveste derepente,
Com sorriso magoado e doce pranto,
Na areia branda: eu te amo loucamente.

Mas ai! Que dor! Veio o espumoso manto,
E tudo apagou, só deixando mente
Do teu Poema cheio de doloso encanto.