Wednesday, 18 April 2012

Laxmanrao Sardessai - A Vida (1965)

Há na vida dores e delícias
E nelas procuro força e alívio
Para mim, a dor é o Mantra
O Mantra inspira e é a alma da vida
Enquanto o prazer é o Tantra,
Conjunto de condições físicas.
Quando o infortúnio
Bate à minha porta
E a fome persegue
E as crianças pedem
Cadernos e lápis
E a mulher recalca no coração
Fermentos pungentes
E olha alternadamente
Para mim e as crianças,
A minha alma sobre
Sobre em espirais...
Para as esferas ideais...
Abstractas-espirituais
E cria pombas, alvas e divinas
E o meu sofrimento
Torna-se oiro
E flutua no mar do céu
E, assim, todas as vezes,
Quando o destino –
Me arremessa
Para as profundezas do infortúnio
Sou feliz (porque esqueço a matéria)
E crio...
Mas, quando a fortuna
Me sorri e me oferece,
Em um rasgo nobre,
Toda a sua opulência
E mil delicias me acariciam
E esplendores embriagantes
Me transportam
Para o mundo de gozos,
Então, o meu espírito,
Em um gesto de revolta,
Corre como uma seta,
E, em um instante,
Está presente as cenas
De sofrimento alheios
O mendigo prostrado
À beira da estrada
A cota o meu ser,
Imerso em prazeres.
A criança aleijada
Que a custo se arrasta
Apela à minha compaixão
E me torna inquieta.
O pobre petiz
A tiritar no frio,
Anda descalço,
A vender “Evening News”
Todas essas cenas
Todos esses momentos
Trespassam o meu coração
E criam dores
Que se convertam em fantasmas
E me atormentam
Assim sou, assim vivo
Na alquimia de dores e delícias
Medra o meu ser
E abraço o Universo!

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