Wednesday 27 February 2013

Clara de Meneses - Expiação (1964)

Como vergada ao peso da desgraça
Viva numa tristeza aterradora
Quando despontará p’ra mim a aurora?
Quando me raiará a luz mesmo baça?

Vem esgotando de amargura a taça
E ao sumir nesta chama redentora
A vida que cantou e agora chora
Minha alma sairá de lá sem jaça.

Rasga-se a treva, rompe alva a manhã
Tudo em volta trabalha com afã
Mas vencido ainda jazo no torpor.
É que estou a cumprir meu triste fado

A expiar o capital pecado
De não ter compreendido bem teu amor.

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