Ó Lua!
Luar de meia-noite!
Porque me espreitas,
Assim matreira,
Bisbilhoteira,
No conchego sem par
Do meu doce lar?
Não sabes, por certo,
Que o teu olhar indiscreto
Até me tira a cor
No terno alento
Do beijo quente
Do meu Amor?
Tem mais dó
Do pobre viandante
Que pela noite adiante
Saiu da casa, só,
Por obrigação,
Sem uma lanterna, coitado!
Vai iluminar,
Por favor,
O jardim dos namorados
Para andarem acautelados
Com a febre da sua idade...
A mim, não, querida!
Se passei em dura lida
As horas do sol,
De cá para lá,
Sem um momento parar!
Ó lua de prata,
Tapa-me pelo menos
Esses olhos de marota
Com o negro véu
Da nuvem perdida,
Vagabunda, esquecida,
Do oceano do céu.
Vai-te embora,
Importuno luar
Que a esta hora
Eu quero repousar
Das fadigas do dia
Na doce companhia
Do escuro da noite
Onde me sabe melhor,
Muito melhor,
O conchego do meu Amor...
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