Wednesday, 25 April 2012

Juliana Cordeiro Monteiro - Diga-me (1965)

Porque será
Que de um mês para cá
Está às escuras
A convidar gatunos,
Importunos,
A travessa
Que passa
Pela minha casa?
Rios andantes aqui,
Poças estagnadas além,
Porque não há luz,
Para a gente
Que vai e vem?
Com monturos num canto,
Um rato morto também,
Que os varredores,
- Que espanto! –
Nem tocam com o medo
De sujarem os dedos,
Diga-me lá,
Em plena monção,
Porque essa lassidão
Dos serviços públicos?
E havendo suínos,
Valdevinos,
A assinalar de umunda
A sua passagem vagabunda,
Porque estão na escuridão,
As estradas da cidade,
Aqui, acolá,
Agora que para Mapuçá
Fornece electricidade
O Além-Gates?
Porque este lamaçal
Com desprezo soberano
Pelo conforto humano,
Pela estética social?
Será porque,
Nesta faminta terra,
Onde cada boca berra
A pedir mais pão
E não sei quê,
Ninguém liga a Você
Deixando “correr o marfim”
Sem pensar em si,
Em mim,
Ou nos demais,
Como seres racionais?

Thursday, 19 April 2012

Tomás Mourão Garcez Palha (O Barão de Combarjua) - “As Mangas de Goa” (original 19th century, republished 1974)

Portugal tem belas frutas,
No Brasil as há também
Mas como as da nossa Goa
Nenhuma outra terra as tem.

Só as mangas valem todos daí!
Se me tendes por suspeito ouvi!

A nossa manga afonsa fragrante
Tem do oiro a fulgida cor
Mas entre o metal e a fruta
A fruta tem mais valor.

É de mel a secretina
E mais doce outra não há;
Nem da amante a boca virgem
Mais doçura nos dá

A Xavier é toda aroma
De mil flores em botão
Um ramalhete de rosas
Não tem mais perfumes, não.

A purpúrea Fernandina
Tem do pejo a linda cor
Quando a virgem ruborece
E treme aos mimos do amor

As carreiras são tão frescas
Que bem podem subsituir
Limonadas e sorvetes
Que constipam sem nutrir.

A vermelha monserrate
Parece cara de ingles;
Mas o miolo é de molde
Ao paladar português.

É das maiores a do bispo
Um nome de mangação;
E fartadela um pedaço
Uma manga… indigestão.

Até mesmo a chupadeira
Tem um mágico sabor
E o leite materno o infante
Não o sorve com mais ardor.

Portugal tem belas frutas,
No Brasil as há também
Mas como as da nossa Goa
Nenhuma outra terra as tem.

Wednesday, 18 April 2012

Laxmanrao Sardessai - A Vida (1965)

Há na vida dores e delícias
E nelas procuro força e alívio
Para mim, a dor é o Mantra
O Mantra inspira e é a alma da vida
Enquanto o prazer é o Tantra,
Conjunto de condições físicas.
Quando o infortúnio
Bate à minha porta
E a fome persegue
E as crianças pedem
Cadernos e lápis
E a mulher recalca no coração
Fermentos pungentes
E olha alternadamente
Para mim e as crianças,
A minha alma sobre
Sobre em espirais...
Para as esferas ideais...
Abstractas-espirituais
E cria pombas, alvas e divinas
E o meu sofrimento
Torna-se oiro
E flutua no mar do céu
E, assim, todas as vezes,
Quando o destino –
Me arremessa
Para as profundezas do infortúnio
Sou feliz (porque esqueço a matéria)
E crio...
Mas, quando a fortuna
Me sorri e me oferece,
Em um rasgo nobre,
Toda a sua opulência
E mil delicias me acariciam
E esplendores embriagantes
Me transportam
Para o mundo de gozos,
Então, o meu espírito,
Em um gesto de revolta,
Corre como uma seta,
E, em um instante,
Está presente as cenas
De sofrimento alheios
O mendigo prostrado
À beira da estrada
A cota o meu ser,
Imerso em prazeres.
A criança aleijada
Que a custo se arrasta
Apela à minha compaixão
E me torna inquieta.
O pobre petiz
A tiritar no frio,
Anda descalço,
A vender “Evening News”
Todas essas cenas
Todos esses momentos
Trespassam o meu coração
E criam dores
Que se convertam em fantasmas
E me atormentam
Assim sou, assim vivo
Na alquimia de dores e delícias
Medra o meu ser
E abraço o Universo!

Thursday, 5 April 2012

RV Pandit - Uma Faísca Só (n.d.)

A lâmpada
Está
Cheia de azeite...

O pavio
Imerso no azeite...

Está
Tudo pronto
Para receber a luz.

Mas...

Entre o azeite 
E o pavio
Falta a faísca
Que os há de incendiar
Escuridão em toda a parte

Assim
Entre o corpo social
E o pavio do seu coração
Para humanizar a sociedade
Falta só uma faísca
Sem ela...
Nunca haverá luz!

Traduzidos do original concani por Mucunda Quelecar.

RV Pandit - Ó Meu Rico Amigo (n.d.)

O meu corpo
É despido
De roupas…

E
São farrapos
As poucas roupas
Que visto.

Não me despreze,
Por isso,
Pela pobreza
Das minhas roupas.

O sol me veste
Com tecido de oiro...
E a Lua
Com tecidos de seda
Cor de pérola...

De cobrir o corpo
Dia e noite
Com tais tecidos
Deus me deu
A grande fortuna!

Deus ma deu
E só a mim,
Não se esqueça.

Traduzido do original concani por Mucunda Quelecar

Carmo de Azevedo - "Apreciação Literária de António de Noronha" (n.d.)

No firmamento literário goês, entre escritores de língua portuguesa, António Floriano de Noronha brilha como astro de primeira grandeza. Tendo revelado bem cedo a sua vocação de escritor e tendo feito a sua formação literária em Portugal – em Lisboa completou o curso do Liceu e em Coimbra se formou em Direito -, numa época em que nas letras lusitanas pontificavam figuras excelsas como Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, tendo tido por condiscípulos na Universidade Eugénio de Castro, Teixeira de Pascoais, Afonso Lopes Vieira, Júlio de Vilhena, Manuel da Silva Gaio e tantos outros, António de Noronha foi o mais “europeu” dos escritores “indo-portugueses” e, como disse alguém, “estilista cintilante, marcaria, com brilho, onde quer que se cultive a língua portuguesa”. Pela elegância da frase, pela leveza do estilo, pela ironia fina e subtil foi, de facto, entre nós, o melhor reflexo do espírito oceano.

De uma inteligência invulgar, dotado de grandes faculdades de trabalho, possuidor de vasta e sólida cultura, escritor aprimorado, conferencista distinto, polemista temível, conversador cintilante, não admira que António de Noronha marcasse o meio académico de Coimbra no seu tempo e que, mesmo quatro décadas mais tarde, quando por lá andei, ainda conservasse viva a tradição do “erudito Noronha índio” de quem Pad Zé fala em seu “Livro do dr. Assis”, um dos ursos do seu curso e um dos promotores do centenário da sebenta d’”O Senhor Noronha, vulgo o Florimundo que é encarregado das questões do fundo”, fundador de uma sociedade destinada a “levantar o nível da Academia”, cantando nuns versos facetos que Francisco Ataíde Machado de Faria e Maia, seu companheiro e amigo, deixou arquivados no seu livrinho de memórias: “A Minha Velha Pasta: Tempos de Coimbra e Gente do meu tempo”’ do Presidente de uma “Repúbica” de caloiros que ficou célebre pelas partidas que se faziam aos “novatos”; enfim do autor, em colaboração com António Augusto de Cerqueira, seu condiscípulo, cognominado o “Jurisconsulta”, do interessante opúsculo “A Reforma da Universidade e a Faculdade de Direito”, publicado em Coimbra por ocasião de um Decreto reformador do ensino universitário e reeditado em Goa em 1923.

Como diz Faria e Maia, este folheto é um “vivo libelo, um quadro, cheio de verdade, da organização anacrónica do ensino universitário” e traduz “o espírito de reacção que se formara na Academia contra os processos seguidos naquele ensino e o desprestígio em que tinha caído a ciência pedagógica daquela Universidade”, e em que os autores, depois de “traçar o quadro, flagrante de verdade” da forma por que se fazia o ensino universitário no seu tempo”, passam a analisar “o Decreto reformador, provando sua inanidade” – uma pequena mas bela obra em que, é ainda Faria e Maia que o diz, “a prosa fácil, cheia de fina ironia de António de Noronha se alia ao espírito arguto, perspicaz de António de Cerqueira, “obra, como o mesmo autor frisa, “não dois cábulas que quisessem justificar a sua falta de estudo com as deficiências do ensino e dos méritos da Faculdade de Direito, mas, pelo contrário, de dois estudantes distintos, dotados de excepcionais faculdades de trabalho, ambos procurando adquirir o máximo de conhecimentos jurídicos, dois dos cérebros melhor organizados do seu curso, que depois marcaram como homens de invulgar mérito na sua profissão.”

António de Noronha foi ainda estudante em Coimbra, correspondente de um diário de Goa e nessa qualidade escreveu primeiro as suas “Cartas de Portugal” e depois as “Crónicas de Portugal”, em que se sente já um pálido reflexo do estilo de Eça de Queiroz nos seus “Bilhetes de Paris” e “Cartas de Inglaterra”. Desse tempo é a “Tragédia de Lisboa” que seu filho Mário de Noronha piedosamente deu à estampa em 1946, enfeixando em volume nas suas crónicas sobre dois crime passionais do tempo – um nas mais altas camadas sociais e o outro na mais ínfimas, como diz o próprio António de Noronha; um moço elegante, Duarte Pinto Coelho, que mata a tiro o amante da sua esposa, Alberto O’Neil tentando fazer outro tanto à adultera, e um trabalhador de Beja que trucida a golpes de machado a mulher, arremessando-se em seguida por baixo de um comboio em marcha, bem como os artigos de Roque Correia Afonso acoimando o moço cronista de “apologista de uma vida ignóbil e sensual”. É a primeira polémica de António de Noronha, em que já se adivinha o polemista temível brandindo magistralmente o florete da ironia, mas sempre de luva calçada, sem ferir, nem ofender o adversário.

Jurista e Historiador
Magistrado distinto, dotado de rica bagagem jurídica, compreende-se que grande parte dos escritos de António de Noronha seja de natureza forense. O “Palácio da Loucura”, em que conta a história de uma acção ordinária de simulação de contrato em que é autora a Fazenda e são réus o Inspector da mesma, Conselheiro Pedro Maria Teles de Menezes e Visnu Sinai Dempó e mulher, o “Código do Registo Civil” aprovado pelo Decreto de 9 de Novembro de 1912 e por ele anotado, o “Regimento da Justiça,” os Relatórios dos Serviços da Procuradoria da República e do Ministério Público, a “Legislação da Guerra” coordenada e sistematizada – eis alguns desses trabalhos em que se firma a sua reputação de magistrado sabedor e íntegro, durante uma fulgurante carreira ascensional, que vai de Juiz Municipal de Mormugão a Presidente da Relação de Goa, promovido por distinção, caso raro, se não único, na história da magistratura colonial. É, porém, sobretudo nos seis grossos volumes dos “Pareceres”, emitidos como Procurador da República, que se patenteia na sua justa medida a vastidão dos seus conhecimento jurídicos, o vigor da sua argumentação, o cuidado meticuloso que punha no estudo dos mais variados problemas submetidos à sua apreciação e a sua inconcussa honestidade profissional. Foi essa obra monumental que levou o juiz do High Court de Calcutta, D.N. Mittel, a dizer, por ocasião do seu falecimento, que António de Noronha foi para Goa o que sir Rash Behari Ghose e Sir Ashutosh Mukherjee foram para Bengala.

Nos “Hindus de Goa e a República Portuguesa”, a memória escrita a convite do Governo Português para um Congresso no Brasil, revela-se uma outra faceta do seu talento multifacetado: o historiador. Se Alexandre Herculano lamentou que Júlio de Vilhena, depois de acabar de compor a sua obra “Raças Históricas da Península Ibérica e a sua Influência no Direito Português”, regressasse aos estudos jurídicos, pondo de parte as investigações históricas, é possível que o dr. Surendranath Sen, que chegou a conhecer pessoalmente António de Noronha, também lastimasse que o labor quotidiano do magistrado lhe não deixasse tempo de sobra para estudos de carácter histórico, como essa excelente memória, dedicada ao grande paladino António José de Almeida, de que Câmara Reis, numa crítica publicada na Seara Nova deixou escrito:

“É um interessante esboço histórico, documentado, em linguagem fluente, cheio de tolerância que os espíritos altos não recusam às crenças mais diversas, aos costumes em que se perpetuam as tradições dos povos e das raças. Contar as perseguições e os mistérios dos indus equivale a rememorar numa colónia distante, os reflexos das vicissitudes politicas e sociais da metrópole. As alternativas de intolerância e cooperação, as violências dos prelados, a cobiça da população e do físico, o fanatismo ateado na ilusão contraproducente do extermínio, os sobressaltos dos pobres “gentios” ao talante dos Vice-Reis, dos Arcebispos e dos “Pais dos Cristãos”, as passageiras medidas do poder civil a seu favor, as devassas, as violências e tormentos da Inquisição, por vezes acorbertando concupiscências infames de frades e sacerdotes; a libertação concedida por Pombal; as lutas e intrigas mansas no período da monarquia constitucional – fazem-nos compreender como a República foi, paradoxalmente, para esses povos tão afeitos aos seus velhíssimos usos e costumes, o advento duma liberdade plena, duma vida politica sem entraves nem limitações injustas.”

Polemista e estilista
Mas se a reputação de jurista repousa sobretudo nos Pareceres e os seus dotes de investigador probo e consciencioso – é digno de nota o facto de António de Noronha, a despeito de ser funcionário público, nada ter omitido, levado pelo receio de incorrer no desagrado dos governantes, expondo-se mesmo ao risco de ser apodado, como foi, de “imimigo de Portugal” por causa desse trabalho – nos são nos “Indus de Goa e a República Portuguesa”, é nas compilações de “À Margem da Critica” e “Em Boa Paz” que se aprecia à justa o polemista consumado, que já se prenunciara na controvérsia à volta da “Tragédia de Lisboa”.

A primeira é uma polémica com Bragança Pereira e Cristóvão Pinto a propósito dos julgamentos de dois ógãos da imprensa – “A Opinião Hindu” e “O Crente” – e a segunda com o ao tempo Professor do Seminário de Rachol, mais tarde Deão do Cabido Patriarcal, Rev. João Francisco Lobo. Sendo António de Noronha leal e galhardo para com os seus adversários, cumpre notar, contudo, como respeitando embora a inteligência e o saber, tinha o mais soberano desdém pela petulância e pelo eruditismo balofo: de aí o contraste do modo como trata Cristóvão ou Bragança Pereira, fazendo justiça à “magnífica inteligência, larga cultura e belos predicados literários” do primeiro ou ao “homem culto e inteligente” no segundo, ao passo que põe impiedosamente a ridículo a “pasmosa vacuidade, feita de frases campanudas e palavras rebuscadas” do Deão Lobo que “nos lembram, diz, os divertidos discursos do Libório da “Queda dum Anjo”, de Camilo Castelo Branco, e cujos “artigos de redacção hesitante, difícil e arrevesada lhe parecem escritos de qualquer capelão sertanejo a experimentar a sua pena nas horas vagas do seu pacífico ministério”, rindo-se a bom rir, das “tinturas teológicas apanhadas na sua preparação sacerdotal, juntamente com o conhecido rosário de descomposturas nos racionalistas, pedreiros-livres e ateus.”

É, porém, a meu ver, nos “Nossos Interiores” – conferência feita no Instituto Vasco da Gama, de que foi o grande animador, depois da sua reconstituição por ocasião do centenário do descobridor do caminho marítimo para a Índia, conferência mais tarde publicada em separata com belas ilustrações – que melhor que em todas as suas outras obras se admira em António de Noronha o estilista esmerado, o esteta incomparável, o artista nato, enamorado do belo e dotado de fino espírito crítico, que produziu uma pequenina obra-prima literária, de ática beleza, em que se diria ter se aliado o agudo espírito critico de Ramalho à graça subtil, quase feminina de Eça.

Mário de Noronha, seu filho, dizem-me, contava fazer mais compilações depois da “Tragédia de Lisboa” no propósito de coligir toda a sua vasta obra esparsa em vários jornais em que, além de artigos doutrinários ou de critica sobre os mais variados assuntos, merecem também menção, e menção muito especial, as suas inimitáveis “Epístolas de Policarpo”, em que se diria perpassar o sopro de uma fina ironia, digna do Eça no epistolário de Fradique Mendes. Foi pena que esta piedosa tarefa do seu filho ficasse incompleta e a posteridade se visse privada de novos documentos a atestar, como diz Faria de Maia, “a grande maleabilidade das suas aptidões, a sua vasta erudição, os seus conhecimentos históricos, os seus dotes de polemista, a graça da sua ironia, o seu temperamento de artista, de esteta”

Monday, 2 April 2012

Bicaji Ganecar - Nova Canção (1978)

Dediquei a minha poesia
Ao Mandovi que corre
Entre Pangim e Betim,
Ao luar que alumia
O nosso amor sem fim,
Às línguas, seja ela portuguesa
Inglesa, concanim ou latim,
À praia de Calangute
Onde aparece o hippie
À ponte do Mandovi
Que sonho ver já completa,
À praia do Miramar
Onde tudo anda a folgar;
Dedico esta nova canção
À Capela de São Sebastião,
Onde todo o cristão
Reza p’la nossa salvação.

Cyrano Valles - Requiem (n.d.)

Sou
O funeral
D’um pobre Homem
A quem nunca
Quiseram bem…

Sinos dolentes
Dobrai!
Violinhos plangentes
Dobrei!
Um requiem
Por este Homem de Bem
Que no Mundo
Criou espanto
Mas por quem
Ao morrer,
Ninguém verteu pranto,
Salvo sua Mãe,
Seu irmão
E um... ladrão!

Sinos agonizantes...
Violinos soluçantes...
É o Requiem
Do Homem de bem
A quem jamais quiseram bem!

Clara de Menezes - Escravo (n.d.)


Arou a terra ingrata p’ra o sustento
Inventando instrumentos com destreza,
Construiu fortalezas p’ra a defesa,
Dominou o impetuoso e ágil vento.

Fez-se no saber um grande portento,
Aprendeu a explorar o ar com presteza
E a singrar o mar com ligeireza,
Embora num progresso árduo e lento.

Ao Rei da Natureza não há segredo,
Nas terríveis batalhas não tem medo,
Nas Ciências, Letras e Artes teve sorte.

Procurou prolongar a sua vida,
Sustentando uma luta hábil, renhida,
Mas nunca logrará fugir à Morte.

Laxmanrao Sardessai - A Causa que Professo (1966)

Indiferença mórbida;
Desdém frio,
Noto em minha volta
Pela causa que professo,
É a causa da vida e morte
A que professo
Pelo silêncio da acção,
Pela elegância da palavra,
É a causa eterna do homem,
Porque é a causa de vida e morte
Mas é a causa que os nossos ignoram
Porque não têm tempo
E não têm paciência
Assim matam,
No furor da matéria
A alma da vida
Que é a causa que professo,
Apupado pelo desdém e indiferença.