=Trazemos hoje para as colunas desta Página mais um nome que, de certo, não será estranho a um grande número dos que nos lêem.
Professora de ensino primário, há pouco ainda (1948), enveredou pelo difícil caminho da poesia que tem vindo a percorrer num desejo de aperfeiçoamento, estampado nas páginas que temos na nossa frente e que constituem “Flores Silvestres” – um livro em preparação.
Neste espaço de tempo, algumas vezes procurou o contacto com o público, enviando poesias para “A Vida” e “A Voz da Índia”. Concorreu aos Jogos Florais de 1951, entre outras, com a primeira produção que aqui inserimos.
Anseio é um soneto inédito onde Clara Menezes põe a marca duma evocação e dum desejo.
Poesia obrigada a mote
Sendo nada, eu dei-te tudo,
E tu só me deste nada
Fui grão de areia perdido
Nos teus olhos de veludo;
Nesse instante bem vivido,
Sendo nada, eu dei-te tudo.
Deste amor, fornalha a arder,
Dei-te a essência concentrada;
Dei-te a minha alma, o meu ser,
E tu só me deste nada.
Anseio
Loucos de paixão meus lábios poisaram,
Naquela noite fria de Janeiro,
À flor dos teus, celestial braseiro,
Em que os anseios mais caros se queimaram.
Nessa comunhão íntima juraram,
Mutuamente, amor puro e verdadeiro
Com os corações num ritmo fagueiro,
Frementes, nossos peitos em um arfaram
Sonho ou realidade? Doce enleio
Em que o meu ser se embala todo cheio
De esperanças que não serão quimeras.
Sim espero que o teu amor, agora
Terá aquele sadio vigor de outrora,
Mesmo volvidas tantas palavras!
Professora de ensino primário, há pouco ainda (1948), enveredou pelo difícil caminho da poesia que tem vindo a percorrer num desejo de aperfeiçoamento, estampado nas páginas que temos na nossa frente e que constituem “Flores Silvestres” – um livro em preparação.
Neste espaço de tempo, algumas vezes procurou o contacto com o público, enviando poesias para “A Vida” e “A Voz da Índia”. Concorreu aos Jogos Florais de 1951, entre outras, com a primeira produção que aqui inserimos.
Anseio é um soneto inédito onde Clara Menezes põe a marca duma evocação e dum desejo.
Poesia obrigada a mote
Sendo nada, eu dei-te tudo,
E tu só me deste nada
Fui grão de areia perdido
Nos teus olhos de veludo;
Nesse instante bem vivido,
Sendo nada, eu dei-te tudo.
Deste amor, fornalha a arder,
Dei-te a essência concentrada;
Dei-te a minha alma, o meu ser,
E tu só me deste nada.
Anseio
Loucos de paixão meus lábios poisaram,
Naquela noite fria de Janeiro,
À flor dos teus, celestial braseiro,
Em que os anseios mais caros se queimaram.
Nessa comunhão íntima juraram,
Mutuamente, amor puro e verdadeiro
Com os corações num ritmo fagueiro,
Frementes, nossos peitos em um arfaram
Sonho ou realidade? Doce enleio
Em que o meu ser se embala todo cheio
De esperanças que não serão quimeras.
Sim espero que o teu amor, agora
Terá aquele sadio vigor de outrora,
Mesmo volvidas tantas palavras!
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