Tuesday 3 February 2015

Alberto de Menezes Rodrigues - Falam os Terrenos Incultos (1972)

Séculos e milénios decorreram
Desde que começamos a existir
E ninguém se importou de nós
Nenhum homem nos veio arrotear
Para aproveitar
A nossa força criadora
Nós somos em grande número situados
Em várias partes desta linda Goa
E não poucos de nós fomos beneficiados
Com um solo muito rico,
Que pode produzir searas luxuriantes!
Nós ansiamos por vos levar, ó goeses,
A meta da prosperidade.

Cresce erva, crescem plantas inúteis,
Extraindo do nosso seio
Os alimentos que necessitam
Todos nos abandonaram!
Todos nos abandonaram!

Quando, anualmente, o ribombar do trovão
Anuncia a chegada do Inverno
Para a fecundação
Da terra,
A nossa ansiedade atinge o auge.
Depois, sentimos as carícias,
O frescor,
Das águas que se despenham do céu,
Cantando,
- Magnífica dádiva do Senhor
Ao povo goês! –
Mas nunca lobrigamos ninguém,
Nenhum ser humano.

Que venha operar
Segundo o divino plano,
Desbravando-nos,
Lavrando-nos,
Semeando-nos,
Para que tenhamos a ventura
De nos desentranhamos
Em messes e verdura.

Agora que uma nova era raiou
Para este pedaço do Concão,
Nós recorremos a vós,
Senhores governantes
Pedimos vos digneis volver
Os vossos olhos para nós
E satisfazer
O nosso anhelo.
Desejamos a nossa inclusão
Na reforma agrária que foi anunciada,
A fim de sermos cultivados.
E, se o conseguimos,
Nós vos ajudaremos, com prazer,
A resolver,
O grande problema,
Concernante a Goa,
Em que estamos a cogitar:
A auto-suficiência alimentar.

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