Alberto Menezes Rodrigues que me honra com sua amizade há anos acaba de me oferecer com uma amável dedicatória seu último livro de contos e que leva o sugestivo título de Flor Campestre. Li-os. Gostei. Tornei a ler e nas suas páginas ainda húmidas do prelo e da imprimissão como diria Jaime Rangel fui encontrar Goa Velha, a antiga capital do Reino dos Kadamba. O ar, o clima dos contos, e telúrico, igual às raízes, ao varzedo verde, à graça fresca e louçã das suas raparigas e mulheres que enfeitam os mercados de Pangim e Margão com o refolho das suas saias de chita e “choli” que revela mais do que esconde.
Quem conhece Goa Velha sabe que esse pequeno rincão da alma goesa tem a genealógica aristocrática de velhos proprietários Menezes, um dos quais deixou pelo seu amor à agricultura um importante tratado sobre a “Arte Palmarica”. Um Plácido Menezes se não me engano que no contexto da nossa economia deixou uma tradição e novos métodos. É assim a terra, a posição geográfica onde se movem os personagens dos contos de Flor Campestre. Alberto Menezes Rodrigues é essencialmente um poeta de sentido lírico como se referiu o crítico literário do jornal O Século de Lisboa ao apreciar seu li
ro de poemas. Rico de imaginação, o autor de Flor Campestre foi buscar ao povo seus personagens. O “conflito” ou seja o “drama” dos contos de Alberto Menezes Rodrigues não tem no entanto a dimensão do “moderno”, “realista”. Falta-lhe a economia das palavras. Vai longe no pormenor e no detalhe. Não deixa ao leitor a margem da “escolha” de ele ser um dos personagens. Como um poeta que é, arranca os personagens à sua fantasia. Vejamos por exemplo o conto “Flor Campestre”. O personagem principal ou o herói é um médico recém formado, que se apaixona por uma Mariana que vinha buscar água ao seu poço. Ela era filha do povo que nunca podia sonhar com um doutor e Alberto Menezes Rodrigues aproveita desta situação para nos dar uma imagem rósea e optimista da vida ‘tout est bien que finit bien”. Depois do “moruoni”, esta passagem “Aproximando-se da noiva ainda mais, e em cujos lábios de rosa, bailava um lindo sorriso de graça e de sonho, e poisando as duas mãos sobre o ombro dela Daniel do Rego depôs na fronte ebúrnea um beijo puríssimo de amor.”
Sejam quais forem as nossas ideias sobre a literatura e muito embora nos custe compremeter o sentido existencial da literatura que papa hóstias de má catadura pouco entendem, convém reconhecer que Alberto Menezes Rodrigues tem contribuído imenso para alargar a dimensão de literatura em Goa. Ele traz influências profundas dos românticos, Júlio Diniz em especial. Até a escolha dos nomes das personagens, como Daniel, parece obedecer a esse comando instintivo. Que Alberto Menezes Rodrigues continue a criar.
Quem conhece Goa Velha sabe que esse pequeno rincão da alma goesa tem a genealógica aristocrática de velhos proprietários Menezes, um dos quais deixou pelo seu amor à agricultura um importante tratado sobre a “Arte Palmarica”. Um Plácido Menezes se não me engano que no contexto da nossa economia deixou uma tradição e novos métodos. É assim a terra, a posição geográfica onde se movem os personagens dos contos de Flor Campestre. Alberto Menezes Rodrigues é essencialmente um poeta de sentido lírico como se referiu o crítico literário do jornal O Século de Lisboa ao apreciar seu li
ro de poemas. Rico de imaginação, o autor de Flor Campestre foi buscar ao povo seus personagens. O “conflito” ou seja o “drama” dos contos de Alberto Menezes Rodrigues não tem no entanto a dimensão do “moderno”, “realista”. Falta-lhe a economia das palavras. Vai longe no pormenor e no detalhe. Não deixa ao leitor a margem da “escolha” de ele ser um dos personagens. Como um poeta que é, arranca os personagens à sua fantasia. Vejamos por exemplo o conto “Flor Campestre”. O personagem principal ou o herói é um médico recém formado, que se apaixona por uma Mariana que vinha buscar água ao seu poço. Ela era filha do povo que nunca podia sonhar com um doutor e Alberto Menezes Rodrigues aproveita desta situação para nos dar uma imagem rósea e optimista da vida ‘tout est bien que finit bien”. Depois do “moruoni”, esta passagem “Aproximando-se da noiva ainda mais, e em cujos lábios de rosa, bailava um lindo sorriso de graça e de sonho, e poisando as duas mãos sobre o ombro dela Daniel do Rego depôs na fronte ebúrnea um beijo puríssimo de amor.”
Sejam quais forem as nossas ideias sobre a literatura e muito embora nos custe compremeter o sentido existencial da literatura que papa hóstias de má catadura pouco entendem, convém reconhecer que Alberto Menezes Rodrigues tem contribuído imenso para alargar a dimensão de literatura em Goa. Ele traz influências profundas dos românticos, Júlio Diniz em especial. Até a escolha dos nomes das personagens, como Daniel, parece obedecer a esse comando instintivo. Que Alberto Menezes Rodrigues continue a criar.
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