“A vida é uma grande escola!” Não sei qual foi o homem que primeiro chegou a esta certíssima conclusão; mas, que o sujeito devia ser um grande realista, conhecedor das coisas e dos homems, é ponto assente.
Eu gosto da vida, gosto da rua, gosto de estar em contacto permanente com as coisas e com os indivíduos; foi a vida, com os seus trambolhões, andanças e contradanças que me forneceu os modestos alicerces em que assenta o meu “modos vivendi”.
Por isso eu gosto da vida, da rua, do campo e da serra, do mar e das suas areias, das crianças e... dos cães! Por isso eu conheci o meu amigo “Gonim”.
Foi na esplanada do “Moderno”; um Sol áspero, quente e teimoso, atirou-me para uma daquelas cadeiras feitas de caixotes de “Becks” enquanto minha garganta pedia aflitivamente um bom copo da dita. Surgiram os inevitáveis “graxas”: caras lambuzadas do pó que tragam nas ruas e na vida, camisas rotas de cor duvidosa, minúscula caixa desconjuntada, ei-los de joelhos, a nossos pés, tocando os sapatos com os seus dedos esguios e sujos, sujos do pó, que nanja das acções... a proferir o característico “Senhor, Xuxo”.
O ar límpido e bondoso, e de súplica, do olhar de gaiatos onde a maldade ainda não encontrou guarida, é, quase sempre, uma garantia de que irão receber as duas tangas e barrar horrivelmente as nossas meias. Olhar irrequieto e vivo, sempre com um sorriso são a lambuzar-lhes os queixos, eles não sentem os pontapés que a vida lhes dá em vez de carinhos, roem as côdeas de um pão que o diabo amassou; olham os privilégios da vida como coisa que não é de sua pertença e, do mundo e das coisas, têm uma ideia supinamente filosófica.
O meu amigo “Gonim” é um desses diabretes que acabo de descrever: ele surge inevitavelmente em minha rota sempre que abandono esta “Velha Cidade” para me deslocar à capital onde muito aprecio os zigazageantes movimentos dos peões que já não sabem de que lado surgem os carros, e dos malabarísticos condutores que vêem as ruas transformar-se em perigosíssimo labirinto invadido pelos peões.
O “Gonim” aparece sempre sujo, sorridente, com uma assobiadela muito sua a bailar-lhe nos lábios de adolescente, ele personifica a despreocupação e a simplicidade e felicidade: sempre tão relativa! Com um admirável espírito de camaradagem e entre-ajuda, ele pede a pomada ao colega, fornece o capital-trabalho, e, sem quaisquer discussões entrega ao “sócio” a tanga que lhe pertence: e, sempre a cantarolar, a assobiar ou a engenhocar qualquer brincadeira inocente de ai vai repetir noutra (Segue na 4a página) parte seu estribilho: “Senhor XUXO”! E eu fico pensando, como o mundo seria se os homens encarassem a vida como o meu amigo “Gonim”!... Conformado, alegre, aceitando a sua sorte com um sorriso franco e bom o “Gonim” é uma das coisas que gosto de contemplar na vida; e a vida tem tantas coisas belas!
Eu gosto da vida, gosto da rua, gosto de estar em contacto permanente com as coisas e com os indivíduos; foi a vida, com os seus trambolhões, andanças e contradanças que me forneceu os modestos alicerces em que assenta o meu “modos vivendi”.
Por isso eu gosto da vida, da rua, do campo e da serra, do mar e das suas areias, das crianças e... dos cães! Por isso eu conheci o meu amigo “Gonim”.
Foi na esplanada do “Moderno”; um Sol áspero, quente e teimoso, atirou-me para uma daquelas cadeiras feitas de caixotes de “Becks” enquanto minha garganta pedia aflitivamente um bom copo da dita. Surgiram os inevitáveis “graxas”: caras lambuzadas do pó que tragam nas ruas e na vida, camisas rotas de cor duvidosa, minúscula caixa desconjuntada, ei-los de joelhos, a nossos pés, tocando os sapatos com os seus dedos esguios e sujos, sujos do pó, que nanja das acções... a proferir o característico “Senhor, Xuxo”.
O ar límpido e bondoso, e de súplica, do olhar de gaiatos onde a maldade ainda não encontrou guarida, é, quase sempre, uma garantia de que irão receber as duas tangas e barrar horrivelmente as nossas meias. Olhar irrequieto e vivo, sempre com um sorriso são a lambuzar-lhes os queixos, eles não sentem os pontapés que a vida lhes dá em vez de carinhos, roem as côdeas de um pão que o diabo amassou; olham os privilégios da vida como coisa que não é de sua pertença e, do mundo e das coisas, têm uma ideia supinamente filosófica.
O meu amigo “Gonim” é um desses diabretes que acabo de descrever: ele surge inevitavelmente em minha rota sempre que abandono esta “Velha Cidade” para me deslocar à capital onde muito aprecio os zigazageantes movimentos dos peões que já não sabem de que lado surgem os carros, e dos malabarísticos condutores que vêem as ruas transformar-se em perigosíssimo labirinto invadido pelos peões.
O “Gonim” aparece sempre sujo, sorridente, com uma assobiadela muito sua a bailar-lhe nos lábios de adolescente, ele personifica a despreocupação e a simplicidade e felicidade: sempre tão relativa! Com um admirável espírito de camaradagem e entre-ajuda, ele pede a pomada ao colega, fornece o capital-trabalho, e, sem quaisquer discussões entrega ao “sócio” a tanga que lhe pertence: e, sempre a cantarolar, a assobiar ou a engenhocar qualquer brincadeira inocente de ai vai repetir noutra (Segue na 4a página) parte seu estribilho: “Senhor XUXO”! E eu fico pensando, como o mundo seria se os homens encarassem a vida como o meu amigo “Gonim”!... Conformado, alegre, aceitando a sua sorte com um sorriso franco e bom o “Gonim” é uma das coisas que gosto de contemplar na vida; e a vida tem tantas coisas belas!
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