Duas palavras só, que nem a míngua de tempo nem o abalo de espírito causado pela muita brusca notícia nos permitem mais neste momento.
Ó alma forte do Dr. Telo!, quão longo estaríamos de por sombra imaginar sequer, quando mal completam dois dias, nos encontrámos no passeio rente as oficinas d’O Heraldo e tivemos uma amigável cavaco casual, que tão de chofre desaparecias para sempre deste mundo de tribulações...
Decerto a morte jamais te poderia amedrontar, embora o surpreendesse, como a nós, o vir ela tão traiçoeira, pois além de habituado às coisas que aterram como o vulgar de Lineu , eras serenamente altivo, de rijo tempero, sem vacilações – numa palavras, eras um forte, eras um autêntico d’A Grei do teu soneto:
“Corre nas minhas veias o sangue dos Kshatriyás,
(Eu abomino as castas mas venero a Grei),
Os meus ancestros aguerridos criaram Pátrias
Talharam reinos, firmaram pactos, ditaram Lei.
Da Rajaputana, terra desértica e adusta,
Abandonado seus fortes e seus castelos,
Seus feudos e cidades de grandeza vetusta,
Vieram fixar-se nestes plainos e vales belos.
Esforçados guerreiros, com o seu código antigo
De honra e orgulho, de altivez e pundonor,
Não sabiam voltar a cara na hora dura de perigo.
As donas airosas, ante o bárbaro invasor,
Quando os homens eram vencidos pelo inimgo
Lançavam-se às piras do fogo purificador”
- Telo de Mascarenhas, A Grei, in Goa – Terra Minha Amada, p.21
Não pode o país deixar de lamentar o silenciar-se da brilhante pena do Dr. Telo cuja verve culta e exuberante em prosa e verso tão assiduamente se fazia apreciada pelos amigos e inimigos, pelo saber e arte.
Deus prodigalize à tua alma, a paz eterna, em que o mundo pouco generoso foi para com o teu
corpo.
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