Com numerosoa assistência, mas sem desnecessários formalismos, o que veio sem dúvida propiciar o alegre convívio e a excelente camaradagem reinantes no jantar na “Cozinha Alentejana”, realizou-se a anunciada homenagem ao escritor dr. Orlando da Costa, recentemente distinguido com o Prémio Ricardo Malheiros, atribuído pela Academia das Ciências ao seu livro “O Signo da Ira”.
À direita e à esquerda do homenageado sentara-se, respectivamente, a senhora de Massaud Moisés, o professor catedrático e escritor de origem brasileira em visita ao nosso pais e especialmente convidado a participar deste jantar, e a escritora Lília da Fonseca.
Entre os assistentes, encontravam-se alguns destacados vultos das letras e artes portuguesas, além dos amigos e admiradores de Orlando da Costa, que lhe promoveram esta tão simpática quanto merecida prova de apreço.
No final, o escritor Urbano Tavares Rodrigues, que em belo improviso traçou o perfil psicológico e criador de Orlando da Costa disse calorosamente: “O Signo da Ira é um livro forte e puro onde se verificam indissociáveis a qualidade literária e a qualidade humana do seu autor; porque seja qual for o modelo estético ou a concepção sociológica adoptada pelo escritor, através do realismo critico, do realismo socialista ou do “nouveau roman”, o essencial para se conseguir um bom romance é ter talento. Mas –acentuou – algumas obras transcendem esse acabamento artístico, na medida em que se tornam, palpitantes documentos de comunicação humana – é o caso de “O Signo da Ira” que, paradoxalmente, apesar do seu título, se revela um livro de comunhão entre os homens, um livro do amor”.
Concluiu afirmando que a Academia das Ciências, ao honrar com o prémio “Ricardo Malheiros” “O Signo da Ira”, se honrara a si própria, assumindo uma nobre função reveladora dos valores do espírito nem sempre respeitados entre nós.
Falou, a seguir, o homenageado: “penso que incondicionalmente devo e posso repartir a minha alegria, a intocável serenidade interior deste momento com todos os presentes e com muitos ausentes”.
Referindo-se, depois, às suas ligações com o “Cancioneiro Geral”, prosseguiu: “No entendimento da confusão achei a clareza e na coragem a única virtude combativa. Nos meus tempos de juventude, dei tudo quanto podia dar em provas de atitude e em provas de testemunho e guardo para sempre a consciência serena de não ter mentido e de não me ter traído”.
Continuando a falar sobre o neo-realismo, disse ter-lhe ficado a dever a sua maturidade de escritor. Mais adiante, observou: “Tal como nas genealogias das famílias, os movimentos não se repetem; nenhuma aquisição sua se repete. Tudo se repercute. Tal como alguns outros autores e livros ultimamente publicados, considero-me e ao meu romance “O Signo da Ira”, uma repercussão actual, directa e conscientemente, do neo-realismo, na literatura de língua portuguesa”.
Aludindo, seguidamente, à liberdade de expressão, Orlando da Costa declarou: “Desejaria prestar a minha admiração aos intelectuais e escritores portugueses aqui presentes e aos ausentes que têm incansavelmente defendido, como algo de sagrado e indiscutível, o direito à livre expressão e à livre criação artística”.
À direita e à esquerda do homenageado sentara-se, respectivamente, a senhora de Massaud Moisés, o professor catedrático e escritor de origem brasileira em visita ao nosso pais e especialmente convidado a participar deste jantar, e a escritora Lília da Fonseca.
Entre os assistentes, encontravam-se alguns destacados vultos das letras e artes portuguesas, além dos amigos e admiradores de Orlando da Costa, que lhe promoveram esta tão simpática quanto merecida prova de apreço.
No final, o escritor Urbano Tavares Rodrigues, que em belo improviso traçou o perfil psicológico e criador de Orlando da Costa disse calorosamente: “O Signo da Ira é um livro forte e puro onde se verificam indissociáveis a qualidade literária e a qualidade humana do seu autor; porque seja qual for o modelo estético ou a concepção sociológica adoptada pelo escritor, através do realismo critico, do realismo socialista ou do “nouveau roman”, o essencial para se conseguir um bom romance é ter talento. Mas –acentuou – algumas obras transcendem esse acabamento artístico, na medida em que se tornam, palpitantes documentos de comunicação humana – é o caso de “O Signo da Ira” que, paradoxalmente, apesar do seu título, se revela um livro de comunhão entre os homens, um livro do amor”.
Concluiu afirmando que a Academia das Ciências, ao honrar com o prémio “Ricardo Malheiros” “O Signo da Ira”, se honrara a si própria, assumindo uma nobre função reveladora dos valores do espírito nem sempre respeitados entre nós.
Falou, a seguir, o homenageado: “penso que incondicionalmente devo e posso repartir a minha alegria, a intocável serenidade interior deste momento com todos os presentes e com muitos ausentes”.
Referindo-se, depois, às suas ligações com o “Cancioneiro Geral”, prosseguiu: “No entendimento da confusão achei a clareza e na coragem a única virtude combativa. Nos meus tempos de juventude, dei tudo quanto podia dar em provas de atitude e em provas de testemunho e guardo para sempre a consciência serena de não ter mentido e de não me ter traído”.
Continuando a falar sobre o neo-realismo, disse ter-lhe ficado a dever a sua maturidade de escritor. Mais adiante, observou: “Tal como nas genealogias das famílias, os movimentos não se repetem; nenhuma aquisição sua se repete. Tudo se repercute. Tal como alguns outros autores e livros ultimamente publicados, considero-me e ao meu romance “O Signo da Ira”, uma repercussão actual, directa e conscientemente, do neo-realismo, na literatura de língua portuguesa”.
Aludindo, seguidamente, à liberdade de expressão, Orlando da Costa declarou: “Desejaria prestar a minha admiração aos intelectuais e escritores portugueses aqui presentes e aos ausentes que têm incansavelmente defendido, como algo de sagrado e indiscutível, o direito à livre expressão e à livre criação artística”.