Profetas
Pregando
Sonhos de glória
Prometendo
Nossa eterna redenção
Vem e vão:
Nunca nos dão
Vinho e pão
Fazer o bem
Sem olhar a quem
Receber o mal
Sem se queixar a ninguém
Sofrer em silêncio
(O silêncio é divino!)
Eis a nossa sorte banal!
Involuntários fantoches
De suma e divina comedia
Antes de Gomorra e Sodoma
Depois de Nagasáqui e Hiroshima,
Até quando...?
Mais não, meu valente!
Até marchar p’ra frente
É só mais olhar p’ra trás!
Sem jau sem razão convincente -
Para que mais estátuas de sal!
Safa! Seremos sempre escravos,
Mercenários lazarentos dos tiranetes
Ou dos seus vendilhões de rabanetes?
Não! Não e não meus bravos!
Cada dia que passa e jamais volta
É preciso fomentar
A revolta íntima e suprema
Contra homens falsos
E deuses espúrios –
É preciso transmudar
As nossas lágrimas em vinho
Em flores, fruta e pão
Os espinhos e as pedras
Do nosso quotidiano Calvário –
Eis a nossa REDENÇÃO!
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