Tu, que me deste o ser,
Ao calor do teu seio
Não me abortes o viver
Que do Amor me veio!
Porque me não deixas ver
O raio doirado do Sol
Sentir, ao anoitecer,
O conchego do teu colo?
Ouvir os passarinhos
Ao despertar da manhã
E ao mimo dos teus beijinhos,
Chamar-te: mamã, mamã!
Por falta de guarida
Não me deixas mal.
Tenho, como tu, o direito à vida,
E um alma imortal.
Por uma côdea de pão
Não te vás desesperar...
Terás a tua ração
Se souberes trabalhar
Não me mates, que horror!
À mingua de um bago de arroz,
Cresçam searas em flor
Pelas mãos que Deus nos pôs.
E nas névoas de amanhã,
Quem sabe lá
Se no teu glorioso afã
Não surgirá
Dos farrapos do teu manto
Um génio, um santo?
No comments:
Post a Comment