Três dias,
dias de bulício infernal,
são três dias de Carnaval…
Envergando o seu trajo carnavalesco,
reina supremo o deus Momo,
o pérfido mundo grotesco.
Por toda a parte vende-se
ilusório prazer,
prazer que vive um segundo,
vende-se hipocrisia,
vendem-se ambições e insultos ocultos.
- Máscaras e cocotes –
vendem-se sorrisos irónicos,
risadas sonoras e gargalhadas satânicas,
vende-se orgia e mais orgia,
orgia que, em doída azáfema,
compra o ávido Zé Povinho,
em honra do deus Momo.
Mas ao depois,
findos estes três dias,
pensamentos na Quaresma,
acocorado num solitário cantinho,
põe-se a chorar e a soluçar,
o pobre do Zé Povinho.
- Porque, porque choras,
meu Zé povinho,
a morte do deus Momo,
todo desfeito,
em frias cinzas da Quarta-feira?
Porque, porque cjoras,
se a má-língua sempre usa cocotes,
que são o sussurar,
de calúnias secretas,
se as nossas próprias caras,
são más-caras da Hipocrisia?
Porque choras, meu Zé Povinho,
se a Vida é um eterno Carnaval,
uma perene tragicomédia,
de brincos populares,
onde vão e vêm,
aparecem e desaparecem,
homens de ordem vária?
Porque, porque choras,
meu Zé Povinho,
se o Carnaval é apenas,
um esboço fotográfico,
da cria realidade da Vida?
Porque, porque choras?...
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