Friday 25 February 2011

Claudia das Neves - O Curumbim (1951)

Um curumbim, de profissão cavador tinha uma filha muito bonita. O homem tinha-se enviuvado quando a pequena era criança e agora, já crescidinha, era ela que tratava dos arranjos domésticos.

Um dia faltou o arroz para a panela. O pai recomendando à filha ir pedir m paili de arroz ao batcará, foi para o seu trabalho cotidiano.

Quando a rapariga foi à casa do batcará encontrou-se com o seu filho que gostou tanto dela e quebrando todas as leis de conveniência manifestou aos seus pais, o desejo de casar com a rapariga.

Os pais, embora magoados, tiveram que satisfazer ao rapaz nos seus desejos, porque era único filho. Mandaram chamar ao manducar para tratar do assunto.

Apareceu o homem à casa do batcará acatando a sua ordem não sabendo porém o motivo do chamamento. Conduzindo o curumbim à presença do batcará, este todo amável, oferece-lhe cadeira para se sentar, facto este que deixou confundido o pobre do manducar, pois, não era costume de os batcarás ofereceram cadeira aos manducares, ainda que fossem instruídos. Os manducares quando fossem a casa do batcará ou tinha que estar de pé ou sentar no chão.

Recusou o curumbim, atenciosamente, sentar-se na cadeira, mas o batcará tanto insistiu que ficou obrigado a sentar-se na cadeira ao lado do batcará. Então este disse-lhe do que se tratava.

Quando soube de pretensão do filho de batcará ficou passado... Ficou de dar resposta consultando à filha que, achando ser uma loucura da paixão não aceitou o pedido, porque pensou sensatamente, que passados os primeiros entusiasmos, seria desprezada pelo marido e a sua família, dada a condição social que os separava.

Desde esse dia vivia o rapaz muito triste, pegado à cama, sem comer sem beber; nem se divertir. O batcará ficou, vendo o estado do filho, irritado com a filha do curumbim, a quem quis matar, porém , custando-lhe pôr em execução um tal nefando plano fez-lhe uma proposta de difícil execução para ver se assim ao menos conseguia mudar-lhe de resolução.

Intimou-lhe fazer um cesto sem fundo e feito isto ir alem de de 7 mares, trazer 7 fiadas de coral e aparecer com cesto e fiadas no seu solar dentro de 15 dias. Não executando a ordem notificou que seria morta barbaramente.

A rapariga que era esperta e ajuizada foi ao batcará com cesto sem fundo e pediu-lhe uma tona sem fundo para sulcar os mares propostos. O batcará deu-lhe o barco requerido. Sentada nele foi pelos mares à busca de coral.

Chegada ao 7o mar pousou sobre o seu ombro um papagaio que lhe perguntou o motivo da esquisita viagem. Explicou-lhe a rapariga tudo o que se passou com ela. O papagaio, condoído da sua sorte, recomendou-lhe ir a casa dum feiticeiro que morava numa margem do rio, vestindo-se de rapaz. O homem lhe daria comida e agasalho. Usaria fiada de flores para a cabeça como coroa e observaria se elas murcham ou não. Levaria perto dum caldeirão onde está continuamente cozendo a manteiga tendo por hábito de perguntar ao hóspede se se a manteiga vaza pela fervura, deves responder que não importa que se vaze. Em seguida levar-te-á perto duma lagoa pedindo-te dar o salto ao que deves recusar. Então o feiticeiro daria um salto com toda força. Apareciam imediatamente à tona da água quantidade de fiadas de coral que a menina devia apanhar e desaparecer um instante. Não devia ela assustar se o feiticeiro perguntar à sua mãe se o hóspede lhe pareceu menina.

A menina fez à risca o que o papagaio lhe dissera. Apanhou as fiadas e deu aobatcará.

O feiticeiro, quando saiu de água, viu que o hóspede tinha desaparecido. Só então suspeitou que era menina. Metendo-se rapidamente num barco veio à sua procura. Descobriu a terra e sua casa pelo feitiço. Censurando-lhe puramente pelo seu disfarce, veio com ela para sua casa e casou-se com ela. Queira ou não queira a pobre da menina teve de fazer-lhe a vontade, mas sei que viveram muito felizes e... não sei mais do que isto.

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