Saturday, 12 February 2011

Telo de Mascarenhas - Dois Poemas (1975)

Canto de Vitória

Grande ou pequena,
rica ou pobre,
esta Terra é nossa,
uma herança ancestral;
nós lutámos e sofremos
para a LIBERTAR.

Único anseio nos guiou
na nossa luta insane
sem tréguas e sem quartel,
na alegria e na dor:
fazer ressurgir Goa
com o seu prestino esplendor;

Fazer da Nossa Terra
um manancial
de leite e mel:
dar um palmo de terra
a todos, para cultivar;
um tecto para abrigar
os deserdados sem lar

Esta Terra é nossa,
legitimamente nossa,
uma herança ancestral;
nós lutámos e sofremos
para a RESGATAR.

Não consentiremos
que politicos sem escrúpulos
façam da Nossa Terra
um tabuleiro de xadrez
para o jogo dos seus interesses
sujeitando-nos ao revês
de perder o que ganhamaos.

Esta Terra é nossa,
legitimamente nossa,
uma herança ancestral;
nós lutamos e sofremos
para a LIBERTAR.

No seio da Mãe-Índia
nós queremos viver
como seus legítimos filhos que somos;
mas em nome da UNIDADE
não venham subverter
a nossa IDENTIDADE.

Do mesmo modo que lutamos
com os nossos dominadores
nós lutaremos
com os nossos exploradores.

Esta terra é nossa,
legitimamente nossa,
uma herança ancestral;
nós lutámos e sofremos para a RESGATAR.

Grande ou pequena,
rica ou pobre,
esta Terra é nossa,
orgulhamo-nos dela.

Num solar ou num tugúrio
nós sabemos viver
com altivez e orgulho,
porque esta Terra é nossa,
legitimamente nossa;
uma herança ancestral
nós lutámos e sofremos
para a LIBERTAR.

A Unidade
Balkrishna, dá-me a tua mão.
Somos filhos da mesma mãe,
gerados no mesmo ventre,
tu Hindu e eu Cristão.

Manuel António, meu irmão,
nós demos o corpo ao manifesto
com coragem e decisão;
mas são os dúbios que colhem
os frutos da LIBERTAÇÃO.

Por Allah, eu juro;
soa o traço de união
entre o Hindu e o Cristão,
no passado, no presente, no futuro.

A nossa raiz é a mesma,
somos três elos
da mesma geração.

Por isso nós demos a mão,
na luta da Libertação.

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