De Setembro, quando a rosa
E a suganda voluptuosa
Irradiam seu olor
Em nuvens febricitantes;
E as canas tam intrigantes
De cores estonteantes
Segredam árias de Amor
Quando o bulbul em gorjeio
Líquido, trila de enleio;
E o moruonim, no permeio,
Em perfeito abandon,
Desaperta seu trinado;
E o pinheiro, alto, enlevado
De pingos de água enfeitado,
Tem arco-irisado tom.
E o verde-loiro arrozal
Balbucia um madrigal
Ao beijo almo e virginal
Da brisa suave e cantante:
E o monte à beira do rio
Sacode seu ar sombrio,
Seu olhar místico e frio,
E arde num riso exultante.
No seu leito de sofisma,
O Homem, silencioso cisma –
Como por um novo prisma
O caos do pensamento,
Dos crimes a natureza
E do coração a frieza,
Entrevado por tibieza
- por um rútilo movimento.
Enfim toda a Natureza,
Irremediavelmente presa
Pela dúvida e incerteza
Desata-se neste dia;
E por um mistério suave,
Qual um secreto conclave,
Unifica-se sem entrave,
Em doce e santa alegria.
- Que bendito dia !
- Que santa harmonia!
Foi numa destas manhãs
De Setembro – harmoniosa –
De tempos velhos de cãs,
Manhã clara e luminosa,
Que, decerto, veio à luz
Neste grão feliz de areia,
Tendo por brasão a Cruz,
A Miriam da Judeia!
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