Na amplitude que ressoa
Um homem sofre.
Na sua alma ecoa,
Qual dobre,
O gemido profundo
Do Mundo
Em quase agonia,
Na desesperança de ver pelo trágico dia
Raiar a bonança.
Uma voz se alevanta
Compungida, doce:
Orai meus irmãos,
Que se abeira a tormenta
Do martelo e foice.
Uni as vossas mãos,
Isoladas, trémulas,
Como do rosário as contas,
E então repelireis com ela
As temíveis afrontas.
E continua assim:
Ouvi e meditai bem:
Jamais se erguerão as defesas
Que reduzir-se logo não ameacem
A pó e cinzas
Se tiverdes um coração ruim.
Quando a voz se cala
E o silêncio impera,
Um grito estala
De peito que chora.
Senhor! Perdoai, Senhor
Este ser que pejo tem
De se confessar.
Aquela fé, cujo ardor
Dizia o infamar
Para a verdade, para o bem,
É mentira, é mentira!
Jamais procurou minorar
O sofrimento de outrem;
Só viveu de impostura,
Mais fome, mais dor
Pela terra semeando.
E o martelo vai batendo!
E a foice vai ceifando!
Céleres, sem luta,
É sempre vencendo,
Na sanguinária labuta!
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